Dona de casa e garoto perdem a vida com tiros na cabeça

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Eliane recebeu um tiro na cabeça quando estava na cozinha de sua casa.

Uma bala perdida matou, no início da tarde de ontem, a dona de casa Eliane Cristine Gonçalves Silva, 20 anos. Ela foi alvejada dentro da cozinha de sua moradia, durante uma troca de tiros na Rua Alexandre Machado dos Santos quase esquina com Rua Pedro Costa, Jardim Solimões, em Colombo. O tiroteio foi motivado por um acerto de contas e, poucas horas depois do fato, dois participantes do crime foram presos, no pronto Socorro de Pinhais, por policiais militares do 17.º Batalhão. São eles: Juliano Ferreira Mendes, 20 anos, e seu primo, Célio Botelho Mendes, 21.

Três homens saíram da Vila Zumbi dos Palmares, em Colombo, para cobrar uma dívida de Roberman Luiz Spritz. O rapaz morava em um casebre de madeira ao lado da residência de Eliane. O trio chegou ao local em uma Brasília, cor azul, à procura do devedor, que foi abordado quando passava em frente à casa de sua vizinha. Houve uma rápida discussão e, na seqüência, teve início a troca de tiros. No tiroteio, Roberman foi baleado, assim como Célio, um dos seus perseguidores. Os dois foram atingidos na perna.

Durante a troca de tiros, um dos disparos atravessou a janela da cozinha da casa e atingiu Eliane na cabeça. A moça morreu antes que pudesse receber socorro. A tragédia poderia ser pior, pois o filho dela, de apenas três meses, estava no quarto da moradia, deitado na cama. Os atiradores fugiram utilizando a mesma Brasília.

Policiais militares do 17.º Batalhão atenderam a ocorrência e encaminharam Roberman ao Pronto Socorro de Colombo. De acordo com os soldados Marques e Henrique, no local do crime, prevaleceu a "lei do silêncio" e ninguém quis comentar sobre o ocorrido. Apenas foi informado que o autor dos tiros seria um indivíduo conhecido por "Maninho" e que o trio seria morador na Vila Zumbi dos Palmares. "Infelizmente, as pessoas não querem falar nem ajudar, o que dificulta o trabalho da polícia", afirmou Henrique.

Prisão

De acordo com o aspirante Wencel, pouco tempo depois do tiroteio em Colombo, chegou para a PM a informação de que um baleado havia dado entrada no Pronto Socorro, em Pinhais. Os policiais foram até lá e localizaram Célio, juntamente com seu primo, Juliano. "O ferido disse que tinha sido baleado durante um assalto, porém o primo dele contou outra história. No final descobrimos que os dois haviam participado do tiroteio em Colombo", explicou o aspirante. De acordo com o policial, após a fuga, o trio colidiu a Brasília na divisa entre os municípios de Pinhais e Colombo e abandonou o veículo. Os dois primos conseguiram uma Jog (motoneta) emprestada e foram até o hospital, onde terminaram presos.

O terceiro comparsa está foragido e ainda não foi identificado. Dois revólveres calibre 38, provavelmente as armas usadas no tiroteio, foram apreendidas pela PM, em uma residência em Pinhais.

Juliano, em sua versão, disse que estava na Brasília – acompanhando seu primo -, mas não participou da troca de tiros. "Fui junto na Brasília para cobrar um dinheiro. Mas não sabia que aquilo iria acontecer", afirmou. O detido contou não saber o que originou a dívida que foi cobrar. De acordo com o aspirante, o fato tem provável relação a um acerto de contas motivado por drogas ou armas.

Célio foi transferido do Pronto Socorro de Pinhais para o Hospital Cajuru (Curitiba), onde está internado e sob escolta policial.

Esperança termina aos 13 anos

Patrícia Cavallari

Foi em meio a lágrimas, desespero e revolta que familiares e amigos do garoto Ogacir de Paula Júnior, 13 anos, velaram seu corpo na tarde de ontem. Ele morreu no início da madrugada, depois de permanecer quase dois meses internado no Hospital do Trabalhador, vítima de uma bala perdida. O autor do disparo, José Luís dos Santos, foi detido no dia do crime, depois de quase ter sido linchado pelos freqüentadores da lanchonete Chapéu de Palha, onde aconteceu o fato.

No início da tarde, a casa do adolescente, situada na Rua Cidade Campos Novos, Fazendinha, estava repleta de parentes, vizinhos e amigos, que aguardavam pela chegada do corpo. Por volta das 17h20, quando a funerária colocou o caixão na sala da humilde casa, a tristeza tomou conta do ambiente. Muitos choraram de forma desesperada, outros até desmaiaram. Uma faixa estendida na rua, em homenagem à pequena vítima e a contribuição de muitos para o pagamento do funeral, demonstrou a compaixão dos que participavam do velório. O pai do garoto, o porteiro Ogacir de Paula, teve que ser amparado pelas irmãs. Sua esposa, Rosilda de Fátima das Dores de Paula, estava na casa de uma vizinha, se recuperando de uma recente operação de apendicite.

Hospital

A sensação de tristeza só foi superada pelo desejo de justiça. Segundo os parentes do menino, ele não foi apenas vítima de uma bala perdida, mas também de erro médico. O pai dele contou que Ogacir foi baleado no dia 6 de novembro, permanecendo na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por 21 dias. Em seguida, o adolescente ficou internado na enfermaria, onde, depois de alguns dias, já conversava com a família. "Ele estava bem, mas como ficou entubado a enfermeira fez um procedimento errado que perfurou a traquéia do meu filho. Depois disso ele foi operado outras vezes e não resistiu. Nós queremos Justiça", disse o pai.

Na certidão de óbito consta que Ogacir foi vítima de ferida penetrante do crânio, broncopneumonia e instrumento perfuro contundente, este sem especificação da região do corpo.

Crime

Ogacir era estudante e destaque da categoria mirim do time de futebol do Paraná Clube. Pelo seu bom desempenho, ele recebia bolsa, o que lhe propiciava participar gratuitamente da escolinha. No dia 6 de novembro o adolescente foi junto com os pais na festa de aniversário de uma das irmãs, na lanchonete Chapéu de Palha, no bairro CIC III. Em meio à diversão aconteceu a desgraça. De acordo com o delegado Antônio Rocha, que decretou a prisão de José, ele foi até o estabelecimento, onde encontrou sua ex-namorada com outro homem. José sacou a arma, mas o novo namorado da garota reagiu e deu-se início a uma luta corporal. Em meio à confusão, ele atirou quatro vezes acertando três pessoas de raspão. O quarto disparo acertou o chão, ricocheteou e perfurou a cabeça de Ogacir, transfixiando pouco acima de sua orelha. A autor do disparo, até então desconhecido da família da vítima, foi espancado e chegou a ser hospitalizado. José foi preso em flagrante pelo delegado Antônio Rocha e atualmente está recolhido no xadrez do 11.º Distrito Policial.

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