Desavença entre comerciantes acaba em morte

Um é dono do pesque-pague Luz da Lua, dentro do qual mantém a Mercearia Amaral. O outro montou, com a esposa, do outro lado da rua, a Mercearia Luz do Sol. A provocação tornou Ildefonso Amaral de Castro, 53 anos, e Venício Barbosa de Paula, 33, concorrentes comerciais e inimigos pessoais. O ódio mútuo progrediu com o passar dos anos e neste final de semana tomou proporções violentas: armados, os rivais duelaram na Rua Bracatinga, Vila Chico Mendes, Cachoeira, em Almirante Tamandaré, às 19h30 de sábado. Um ficou ferido gravemente e o outro morreu na hora.

A concorrência começou há quatro anos, quando Venício e a esposa Cecília inauguraram a Mercearia Luz do Sol, bem em frente ao outro estabelecimento similar. Apesar de um início relativamente calmo, a disputa pela freguesia gerou um clima de animosidade entre os proprietários. “Ildefonso falava muito do meu marido, o que o deixava com raiva. E, quando ia comprar cerveja na distribuidora, dizia para o dono não vender para o Venício. Tudo porque a gente revendia mais barato”, afirmou Cecília.

Denúncia

A briga esquentou no último dia 20 de fevereiro. Atendendo a uma denúncia, policiais militares de Almirante Tamandaré detiveram Venício e o levaram à delegacia da cidade, sob acusação de porte ilegal de arma. Ele guardava no estabelecimento um revólver calibre 38, com registro vencido, e passou a noite na cadeia. O homem atribuiu ao concorrente a autoria da denúncia e prometeu vingança. “Ele falava que ia matar o velho, mas eu dizia para deixar pra lá”, lembra a mulher. Na verdade, quem ligou para a PM foi uma mulher que freqüentava a mercearia de Ildefonso, segundo o investigador Edil, da delegacia de Tamandaré.

Cecília contou que, no sábado, o marido estava embriagado e por isso tomou coragem de enfrentar o desafeto. Com uma espingarda calibre 36 em mãos, foi ter com Ildefonso no pesque-pague. O dono do Luz da Lua também armou-se e a polícia não sabe quem atirou primeiro. “Venício entrou no terreno e o outro o esperava atrás da casa”, disse o investigador.

No tiroteio que se seguiu, Venício foi atingido por seis tiros e morreu na hora. Ildefonso, baleado uma vez na barriga, foi socorrido por parentes e levado ao Hospital Cajuru, onde foi submetido a cirurgia horas depois.

O ferido será indiciado em inquérito por homicídio, o qual responderá em liberdade. “De qualquer forma, as informações que temos caracterizam um gesto de legítima defesa”, disse o investigador.

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