Denúncia contra deputado dono de um “arsenal”

O arsenal composto inclusive por armamento de uso restrito das Forças Armadas, encontrado em uma fazenda e duas chácaras de propriedade do deputado estadual Carlos Simões, durante investigações realizadas pelo Ministério Público para apurar o envolvimento dele com uma quadrilha de roubo e desvio de cargas, motivou uma denúncia por porte ilegal de arma, protocolada pelos promotores ontem, no Tribunal de Justiça.

Caso a denúncia venha a ser acatada, Simões responderá não só pelo porte ilegal de arma de uso restrito, mas também por porte sem registro e autorização legal. A denúncia foi assinada pelo procurador de justiça Francisco José Albuquerque de Siqueira Branco, por designação da procuradora-geral de justiça, Maria Tereza Uille Gomes. De acordo com o procurador, o documento seguirá para o presidente do TJ, que irá encaminhá-lo para um desembargador, que pode ou não receber a denúncia. Caso receba é aberto o processo criminal. A pena mínima para estes crimes é de 2 anos de reclusão.

Buscas

Desde o mês de setembro que o Ministério Público de Rio Negro investiga uma quadrilha, supostamente liderada por Mário do Amaral Fogassa, acusada de roubar cargas e caminhões. As investigações já resultaram na expedição de 21 mandados de prisão, dos quais 15 foram cumpridos, inclusive contra delegados de polícia e um oficial da PM.

Nestas mesmas investigações – que também se referem ao assassinato de um vereador de Campo do Tenente – surgiu o nome de Carlos Simões como sendo a pessoa que intermediava conversas entre Fogassa e o delegado-geral da Polícia Civil, Leonyl Ribeiro, e o secretário da Segurança Pública, José Tavares, para que os inquéritos instaurados contra ele fossem “aliviados” pela polícia.

Diante disso, foram emitidos mandados de busca e apreensão nas propriedades de Simões, em busca de pistas que o ligassem à quadrilha. Em uma fazenda em Campo do Tenente e duas chácaras em Mandirituba foram encontradas as armas.

Apreensões

De acordo com o Ministério Público foram apreendidas uma carabina calibre 375, marca Rossi, pertencente à Secretaria da Segurança Pública (até agora a polícia não explicou como esta arma foi parar na casa do deputado); três lunetas para espingarda e dois silenciadores de tiros (ambos de uso restrito); 106 projéteis para armas de calibres diversos; uma espingarda Rossi e outra “pica-pau” sem numeração, uma espingarda calibre 32 e uma carabina calibre 22; uma espingarda de ar-comprimido; um revólver calibre 32 e dois de calibre 38. Todas as armas estão recolhidas no Fórum de Rio Negro.

Liberado de outra acusação

Ao mesmo tempo em que é denunciado pelo Ministério Público por porte ilegal de arma, o deputado Carlos Simões livrou-se da denúncia de tráfico de influência no caso que desmantelou a quadrilha de roubo de cargas que atuava na região de Rio Negro. Ele e o secretário José Tavares, da Segurança Pública, foram acusados de usar os cargos para beneficiar Mário do Amaral Fogassa, que seria o líder do bando. No entanto, o procurador de justiça Francisco José Albuquerque de Siqueira Branco concluiu que as provas apresentadas pelo MP, especialmente as fitas gravadas com conversas entre Fogassa e Simões, não mostram que tenha havido tráfico de influência.

“O que foi apresentado não comprova que as autoridades tenham solicitado, exigido, cobrado ou obtido qualquer vantagem ou promessa de vantagem para influir no andamento do inquérito policial que apurava a série de desvios de carga ocorridos em Campo do Tenente”, afirmou Siqueira Branco. Essa manifestação do procurador foi anexada à denúncia protocolada ontem contra Simões, por porte ilegal de arma.

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