Delegado sob investigação

O Conselho da Polícia Civil aprovou na tarde de ontem a abertura de processo administrativo contra o delegado Maurílio Alves, da Delegacia de Homicídios, para apurar o que ocorreu no caso do assassinato da Alexandra Bernardi, 24 anos. As investigações serão presididas pela delegada Charis Negrão Tonhozi, corregedora-geral da Polícia Civil.

A assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública informou que Charis quer saber o porquê de o delegado não ter pedido a prisão preventiva de Leandro Machado Motta, 29 anos, que confessou o crime, e de Agnaldo Santos, que teria auxiliado na fuga. Além disso, a delegada irá investigar as denúncias de que Maurílio teria recebido R$ 5 mil para não fazer o pedido à Justiça.

Quanto aos processos que o delegado Maurílio Alves responde, a assessoria da Sesp informou que eles estão pendentes e ainda não foram julgados. Em um deles, Maurílio foi preso em flagrante, em 2002, sob a acusação de extorsão. Na época, Maurílio era investigador da Polícia Civil em Foz do Iguaçu, mas estava afastado do cargo, à disposição da Casa Civil, que o cedeu para a Prefeitura local. Ele teria uma empresa recuperadora de carros roubados e procurou uma vítima do crime, pedindo R$ 3 mil, para lhe entregar o veículo, que estaria no Paraguai. Na ocasião, Maurílio foi preso em flagrante, mas não permaneceu muito tempo recolhido.

Em 2004, o homem que denunciou a extorsão foi assassinado e até hoje a polícia não tem pistas para solucionar o crime.

Segundo a assessoria da Sesp, no ano passado, Maurílio assumiu o cargo de delegado, após ser aprovado em concurso público, e está em estágio probatório, que tem duração de três anos.

Inquérito

O secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, assinou resolução tranferindo Maurílio para a Delegacia de Furtos e Roubos. Delazari ainda determinou que as investigações sobre o caso da estudante sejam rigorosas.

O inquérito policial sobre a morte da estudante será entregue para outro delegado da Delegacia de Homicídios, a ser designado pelo titular da DH, Adonai Armstrong, nos próximos dias.

Procurado pela reportagem para falar sobre o inquérito e as acusações, Maurílio Alves afirmou que não sabia que não iria mais presidir o inquérito policial sobre a morte da estudante. “Sobre este inquérito eu não me pronuncio mais”, afirmou. Quanto às acusações de processos antigos, Maurílio disse que também não falará. “Irei tomar as providências cabíveis. As provas cabem a quem acusa”, disse.

Atitude do policial provoca revolta

A estudante Alexandra Bernardi, 24 anos, foi assassinada a tiros, no último dia 2, em frente a uma casa noturna, no Alto da XV. Na ocasião, Samuel Ferreira da Silva, 25 anos, e Sílvia Renata dos Santos, 19, foram feridos. Dois dias depois, Leandro machado Mota, 29 anos, se apresentou e confessou ser o autor dos disparos e entregou a arma do crime, um revólver calibre 38, com numeração lixada. Na data da apresentação, Maurílio deu entrevista à imprensa, dizendo que não achava necessário pedir a prisão de Leandro naquele momento. No dia seguinte, Agnaldo Santos, que conduzia o carro usado na fuga, também se apresentou, foi ouvido e liberado.

O fato de o policial não pedir a prisão preventiva dos acusados revoltou colegas e familiares da estudante e o promotor de Justiça Paulo Sérgio Markowicz, lotado na Promotoria de Inquéritos Policiais e no Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Júri, que resolveu tomar uma atitude e pediu a prisão dos dois, que foi decretada pela Justiça na última sexta-feira. Em auxilio à promotoria, a Secretaria da Segurança Pública determinou que o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), efetuasse as prisões. Somente Agnaldo foi preso e está recolhido no Centro de Triagem II, em Piraquara. Segundo informações, Leandro está foragido e estaria escondido em São Paulo.

Voltar ao topo