Crime na Syngenta é reconstituído pela polícia civil

O Centro de Operações Especiais da Polícia Civil (Cope) fez ontem a reconstituição do confronto entre os sem terra e seguranças, que resultou em duas mortes na fazenda da multinacional Syngenta, em Santa Tereza do Oeste, há 18 dias. Ambas as partes envolvidas no conflito foram convidadas a participar, mas os seguranças optaram por não estar presentes ao local, alegando que só irão se manifestar em juízo. Apenas os integrantes da Via Campesina atuaram, observados por peritos.

O delegado responsável pelo caso, Renato Figueiroa, afirma que a reconstituição esclareceu dúvidas quanto à forma como aconteceu o crime. ?Conseguimos verificar pontos como a posição dos corpos, dos atiradores e das testemunhas que presenciaram os fatos?, explica. Da reconstituição será emitido um laudo, o qual será confrontado com as provas testemunhais e periciais do inquérito.

De acordo com Figueiroa, com base nas informações de ontem é possível dizer que boa parte das suspeitas da polícia se confirmam. ?Já temos identificação de alguns autores. A conclusão poderá dizer quem iniciou os disparos, se houve disparos de ambos os lados e a autoria de quem efetuou os tiros que levaram à morte do segurança (Fábio Ferreira) e do sem terra (Valmir Mota de Oliveira, o Keno)?, adianta.

O delegado explica que o advogado dos seguranças, Hélio Ideriha Junior, já havia protocolado junto à polícia a justificativa de que seus clientes não compareceriam ao procedimento, alegando que só se manifestariam em juízo. Ideriha já disse acreditar que ?as investigações estão sendo parciais e tendenciosas e favorecerem os integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)?.

Mas Renato Figueiroa refuta as afirmações: ?Os seguranças perderam uma boa oportunidade de dar a versão deles; a reconstituição é um ato de esclarecimento?. De acordo com o policial, a não colaboração dificulta elucidar quem seria o autor do disparo que matou o segurança.

Conflitos

Em reunião ontem em Curitiba, deputados e integrantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) discutiram formas de evitar conflitos agrários no Estado. A ocasião lembrou o confronto na fazenda Syngenta. Para o presidente do Incra no Paraná, Celso Lisboa de Lacerda, a legislação atual propicia a reforma agrária, mas é truncada e necessita de mudanças. ?Prova disso é que se leva cerca de um ano e meio para conseguir a desapropriação de uma fazenda improdutiva.?

Já o presidente do Bloco Parlamentar Agropecuário, deputado Elton Welter (PT), acredita que a única forma de se fazer a reforma é através da aquisição de áreas para assentamentos. ?Temos de identificar lotes produtivos.?

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