Comerciantes reclamam de rotina de assaltos no Boqueirão

Os três tiros e a coronhada na cabeça do comerciante Antônio César, proprietário da panificadora Mega Pães, na Rua Desembargador Antônio de Paula, no Boqueirão, causaram terror e desespero na tarde de ontem, no entanto, não foram surpresa. Desde que abriu o comércio, há pouco mais de sete anos, ele já foi assaltado sete vezes, as duas últimas, em menos de 30 dias.

Por volta de 16h30, dois rapazes com a moto Titan placa AKR-5734, roubada pouco antes no Umbará, chegaram à panificadora. ?Eles pediram cigarro e quando cheguei perto do caixa, um deles apontou a arma e pediu o dinheiro?, contou César, ainda abalado. Enquanto um dos assaltantes o mantinha sob mira de um revólver, o outro tentava entrar atrás do balcão. ?Eu gritei e disse que não ia deixar ele entrar. Foi nessa hora que o rapaz deu os tiros. Dois acertaram o canto do balcão e o outro quebrou o vidro do móvel?, completou.

Carro

Na fuga, os dois bandidos subiram na moto e foram até a esquina com a Rua Tapejara, onde roubaram o Gol, AGR-7102, de um morador da região. ?Na hora, liguei cinco vezes para a polícia e sempre alguém me falava que a viatura já estava no local solicitado, mas só chegaram aqui mais de 45 minutos depois?, lamentou.

O tenente Araújo, do 20.º Batalhão de Polícia Militar, afirmou que o caso é uma exceção e que no bairro existe uma viatura exclusivamente para atender comerciantes. ?Vou apurar exatamente o que aconteceu, mas em princípio foi excesso de solicitação.

Na verdade, a ocorrência não começou na panificadora e sim, quando a moto foi roubada no Umbará e continuou quando o carro foi roubado para a fuga?, explicou o tenente. Conforme contou, ele percebeu que havia algo anormal na ocorrência e foi até o local para averiguar.

Insegurança real

Foto: Anderson Tozato

Difícil achar alguém que ainda não tenha sido vítima.

Os comerciantes da Rua Desembargador Antônio de Paula estão assustados. A maioria já foi vítima de assaltos e alguns se obrigaram a contratar seguranças para poder trabalhar com um pouco de tranqüilidade.

Na mesma quadra da panificadora, lojas de roupas, salão de cabeleireiros, farmácias e outros comércios, todos têm histórias para contar. Quem ainda não foi vítima, ao menos viu alguém ser assaltado na rua. ?Já vi várias pessoas sendo assaltadas, sempre duas pessoas em uma moto fazem a abordagem e levam bolsas. Do meu cunhado levaram o tênis e ele chegou em casa descalço?, contou uma comerciante.

Rotina

A Rua Desembargador Antônio de Paula fica a algumas quadras da 4.ª Companhia do 20.º Batalhão da PM e liga a Rua Francisco Derosso, no Xaxim, a Vila Lorena, no Uberaba. Em toda a sua extensão, comerciantes já foram vítimas de assaltos.

O dono de uma farmácia disse que, em dois anos, já foi vítima nove vezes e, em uma delas, foi ferido com um tiro na perna. ?Foram tantos assaltos que a gente vai aprendendo como agir?, ironizou o comerciante.

Em junho do ano passado, um casal invadiu a sua farmácia e deu voz de assalto. ?O bandido atirou no chão e a bala ricocheteou na minha perna. Uma viatura que passava na rua percebeu o assalto e conseguiu prender os bandidos em flagrante?, relatou. ?Mas nas outras oito vezes, fiquei no prejuízo e ninguém foi preso?, lamentou.

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