Catanduvas recebe 16 novos criminosos

Um grupo de 16 detentos, preso há pelo menos dois anos no Presídio Estadual Metropolitano III (PEM III), em Belém (PA), foi transferido ontem, para o Presídio Federal de Catanduvas, no oeste do Paraná, que desde sua inauguração em 23 de junho, só abrigava Fernandinho Beira-Mar, apesar da capacidade para 208 internos.

Os presos foram escoltados por agentes da Polícia Federal (PF) até a base áerea de Val-de-Cans e levados em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) até Foz do Iguaçu.

De lá seguiram de carro até a penitenciária. Todos fazem parte de quadrilhas especializadas em roubar bancos. Entre eles estão os dois chefes da quadrilha, Adriano da Silva Brandão e Taurino Lemos Conceição, que comandaram assaltos a agências do Banco do Brasil no interior do Pará, em 2003.

Dos transferidos, 13 são acusados de participar desses assaltos. Nove deles seriam resgatados pelo restante da quadrilha na última quarta-feira (16), numa ação que resultou na morte de um cabo da PM e de dois assaltantes durante tiroteio ocorrido do lado de fora do presídio. Em nota, o Ministério da Justiça disse que as transferências foram realizadas em caráter emergencial, em decorrência dessa ação, mas segundo o diretor do PEM III, Sandro Queiroz, essa não foi a razão. ?A transferência já estava agendada há pelo menos dois meses. O principal motivo é que se tratam de bandidos de alta periculosidade?, explica.

Queiroz disse ainda que nenhum dos transferidos tem vínculo com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e que a maioria deles é oriunda de capitais nordestinas e participou de vários assaltos a bancos. O Departamento Penitenciário Nacional (Depen) não confirmou a transferência até o final da tarde, mas a Superintendência do Sistema Penal do Pará já havia anunciado a mudança na manhã de ontem. Por questões de segurança, o Ministério da Justiça não divulgou a identidade dos presos.

Muita boa intenção e poucos presidiários

O Pará é um dos nove estados que solicitaram transferência de presos para o presídio de Catanduvas. ?Os presos estão sendo transferidos do Pará com base na Lei de Execução Penal, que permite a transferência administrativa em caso de motim, em caso de emergência. Então, se faz uma transferência administrativa e se ouve depois o poder Judiciário. É ad referendum do poder judiciário?, explicou o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.

Trata-se da segunda transferência para a penitenciária. Há exatamente um mês, no dia 19 de julho, o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, inaugurou a primeira penitenciária federal de segurança máxima, que foi construída para tutelar presos considerados de alta periculosidade e com largo currículo na formação de quadrilhas em todo o Brasil. A penitenciária tem capacidade para abrigar 208 presos em celas individuais. Com a chegada dos 16 assaltantes, ainda restarão 191 celas vazias. Para garantir a segurança, 163 agentes penitenciários estão há cerca de dois meses trabalhando em Catanduvas. Outros 87 estão em treinamento.

Paulistas

O governador de São Paulo, Cláudio Lembo, explicou ontem, durante a reunião de criação do Gabinete de Gestão Integrada da Segurança Pública em São Paulo, porque alguns presos ainda não foram transferidos de São Paulo para Catanduvas. Segundo ele, não vale a pena tirá-los do Estado e perder uma fonte imediata de informação sobre o crime organizado. Além disso, o interrogatório e o deslocamento dos presos seriam bem mais difíceis. Ainda neste semestre deve ser inaugurada a segunda penitenciária federal, em Campo Grande (MS).

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