Caso de pedofilia e extorsão perto de desfecho

Nesta semana a Corregedoria da Polícia Civil vai tentar identificar quais policiais estão envolvidos no esquema de pedofilia e extorsão. Investigadores de vários distritos são apontados por meninas como participantes da armadilha para pedófilos. A corregedora Charis Negrão Tonhozi disse que as garotas vão olhar álbuns de fotografias de suspeitos e acredita que até sexta-feira poderá divulgar o nome dos acusados de extorsão.

Ontem, o programa Tribuna na TV divulgou a história de outra menina, aliciada para o esquema, e que é similar às outras denúncias já divulgadas pela Tribuna.

A garota, de 13 anos, contou que participou de quatro encontros sexuais e que todas as vezes foi levada ao 7.º Distrito Policial (Vila Hauer), onde aconteceriam as extorsões. O delegado Eduardo Marcelo Castella, titular da distrital denunciada, disse que não irá se manifestar sobre as acusações.

Acompanhada da mãe, a garota, que ainda tem o corpo com as formas de criança, relatou com detalhes como entrou na rede de pedofilia. A garota disse que conheceu Luciana Polara Correia Cardoso, 21, apontada como mentora da quadrilha, através da irmã da aliciadora, de 14 anos. "Fui chamada pela Luciana para limpar a casa dela e, quando cheguei lá, ela me contou o que realmente ia acontecer. Recebi R$ 150 no primeiro encontro", contou.

Armadilha

A menina e duas colegas, de 14 e 13 anos, ficaram nuas no quarto de Luciana junto com um "cliente". Antes que as carícias esquentassem, uma delas saiu do cômodo para ir ao banheiro. Naquele momento, Luciana chamou os policiais, que já estavam em outro lugar da casa, para dar o "flagrante". As meninas foram orientadas a chorar e todos foram levados ao 7.º DP. Lá, o pedófilo teria sido extorquido, enquanto as garotas aguardavam em outra sala. Depois do suposto acerto, todos foram liberados. A menina não sabia os nomes dos policiais envolvidos.

A garota afirmou que participou de quatro armações, três delas na casa da aliciadora e outra em um motel. Os encontros não aconteciam no apartamento de Luciana, no Fazendinha, mas em uma residência, cujo endereço a garota não soube dizer. "Nunca fui tocada. Tinha apenas que ficar pelada", finalizou a garota.

Investigações

O delegado Eduardo Castella disse que, por ser um dos policiais investigados, cabe a Corregedoria da Polícia Civil falar sofre o caso. "Não vou me manifestar, pois não tenho acesso ao processo e não posso interferir nas investigações. Quero que os trabalhos sejam bem feitos para apurar os reais envolvidos nisso", disse.

De acordo com a corregedora da Polícia Civil, as investigações estão sendo conduzidas com muita cautela. Ela confirmou que alguns policiais do 7.º DP estão sendo investigados, mas ressaltou a importância de não fazer generalizações. "Não posso dizer que o 7.º Distrito está envolvido, mas, sim, que alguns policiais de lá, como de outras distritais, estão sendo investigados", registrou.

Em paralelo, o Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crime (Nucria) também investiga os membros da quadrilha que compõe a rede de pedofila. Os trabalhos são mantidos em sigilo e a delegada Ana Cláudia Machado afirmou que só se manifesta depois que as investigações forem concluídas. Não se sabe se a delegada pediu ou não a prisão de Luciana, que estaria escondida na casa de parentes em Matinhos, no litoral do Estado.

Ameaças pra ficar no esquema

A menina contou que começou a participar da rede de pedofilia este ano.

Na primeira vez, quando foi chamada para limpar a casa de Luciana, aceitou fazer parte da trama, impressionada pelo ganho fácil do dinheiro. "Depois do que aconteceu, não quis mais. Mas Luciana ameaçava fazer alguma coisa contra a minha família, então fui obrigada a participar de outros programas", relatou a garota, contando que ganhou R$ 150 no primeiro encontro, R$ 100 no segundo e R$ 50 nos outros dois.

As armadilhas para pedófilos eram montadas sempre durante o dia, para não chamar a atenção dos pais, que acreditavam que suas filhas estavam na escola ou em casa de amigas. Segundo a mãe da menina,

ela só descobriu o que estava acontecendo quando percebeu que a filha estava muito apreensiva e que não queria mais sair de casa. "Vi minha filha chorando e ela me contou que estava sendo ameaçada. Fiquei desesperada quando soube o que estava acontecendo", disse.

Com o dinheiro que ganhou, a adolescente comprou um tênis, outro motivo que levou a mãe a desconfiar de que algo errado acontecia. A garota brigou com Luciana há um mês e, há duas semanas, deixou de freqüentar a escola. "Vou procurar outro colégio para ela, e vamos dar um jeito de nos mudar daqui", finalizou a mãe, que disse ter medo do que possa vir a acontecer com sua filha, uma vez que Luciana está foragida e os policiais envolvidos ainda não foram identificados.

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