Bandidos agem à solta no Santa Cândida

Arrombamentos e tráfico de drogas. Estes são problemas comuns em diversos bairros de Curitiba e recentemente viraram reclamações recorrentes dos moradores e comerciantes do bairro Santa Cândida, região norte da capital. Vizinho do bairro Alto Maracanã, um dos mais perigosos de Colombo (Região Metropolitana de Curitiba), o local sofre com o pouco policiamento. Numa volta pelo bairro é possível notar que casas e até comércios estão adotando grades e alarmes. Quem pode, opta pela segurança privada.

No último dia 6, foi a segunda vez em dois meses que a comerciante Maria Augusta de Souza teve sua banca de revistas arrombada. Mesmo com grades e alarme, durante a madrugada, os assaltantes arrombaram o teto da pequena loja e levaram o que conseguiram. ?Dessa vez, eu tive um prejuízo de R$ 2 mil. Eles fizeram até fogo aqui dentro. Com certeza levaram mais de uma hora para fazer tudo isso. Não é possível que a polícia não passe durante este tempo?, reclamou.

O comércio de Maria Augusta fica numa das principais avenidas do bairro, a poucos quilômetros de Colombo. E a reclamação não é só dela. ?Já fomos assaltados sete vezes. Duas comigo na gerência. E é sempre com a loja aberta?, contou a gerente de uma farmácia que está há quatro meses à frente da loja, Talita Cunha Visser. Segundo ela, muitas vezes os assaltantes são os mesmos. ?Agora estamos com segurança à noite. Isso inibe um pouco. Mas o problema do tráfico e da bebida continua aqui na frente?, afirmou.

O problema com as drogas na região acontece principalmente à noite. No local, há uma escola estadual que tem aulas noturnas. Segundo os comerciantes, o horário de saída é o mais problemático. ?O problema é que na saída outras pessoas se misturam aos alunos e daí fazem bagunça com motos, carros, bebidas, drogas?, contou a coordenadora da escola, Eliza Maria de Lima Muller. ?São jovens de grupos rivais. Eles depredam ônibus também. Costumavam ter o alimentador de graça e por isso já foi cortado?, lembrou.

A professora explicou que a escola faz o que pode para evitar o problema e quando acontece alguma coisa dentro do colégio a patrulha escolar é chamada. ?O trabalho deles é bom. O problema é que são muitas escolas?, afirmou. No entanto, a gerente da farmácia, que fica em frente à escola, lembrou que, por se tratar de menores na maioria das vezes, a polícia só revista e libera.

Áreas de invasão preocupam

As áreas de invasão também são problemáticas. De acordo com o presidente da Associação dos Moradores do Bairro Santa Cândida, Antonio Postigo, as piores regiões do bairro são as áreas de invasão. Este é um dos motivos, explicou, que faz com que, mais do que a segurança, um dos principais trabalhos da associação seja a regularização fundiária de diversas áreas da região.

?Tinha uma época que roubavam muitos carros. Agora o tráfico é o pior porque influencia as crianças. Além disso, os meninos ficam na rua fazendo barulho e rachas com motos à noite?, contou. Postigo levou a reportagem em alguns dos pontos mais perigosos do bairro. Entre os locais apontados por ele, estão vilas como a Laranjeiras, a invasão mais recente, e a Isidoro Wosch, a mais perigosa. ?Aqui só entra quem é conhecido?, ressaltou.

Segundo ele, a polícia quase nunca passa na região. ?Já fui membro do Conselho de Segurança. Mas desisti porque vi que não mudava nada?, afirmou Postigo. (AB)

Polícias atuam juntas para proteger o bairro dos marginais

A Delegacia da Polícia Civil que atende o Santa Cândida e outros dez bairros tem 11 policiais. Já a Polícia Militar (PM) não informou seu efetivo para atender o local, porém o tenente Robson Farias, comandante da PM na região, admitiu que sempre são necessários mais homens. No entanto, apesar do pouco efetivo, os comandantes tanto da Polícia Civil como da Militar afirmaram que estão trabalhando em conjunto para coibir os assaltos e o tráfico. O governo do Estado já anunciou a contratação de mais policiais civis e militares para o Paraná e o processo está em andamento.

?Aqui temos muitas queixas de furtos, roubos e drogas?, admitiu o delegado do 4.º Distrito Policial, Luiz Alberto Salles. Ele também reclamou do efetivo, mas ressaltou que para que a polícia atue com mais eficiência, as pessoas precisam registrar boletins de ocorrência (BOs). ?Temos o geoprocessamento, que mapeia as áreas com mais problemas com base nas ocorrências. Com base nisso, é feito maior policiamento?, ressaltou.

Vizinhança

Assim como moradores e comerciantes, o tenente Farias acredita que a vizinhança seja um dos problemas da falta de segurança do bairro. ?Muitos criminosos não são daqui, daí é mais difícil de pegar. Mas sempre fazemos blitze nas rotas de fuga?, explicou. Farias também salientou a importância dos BOs para o mapeamento do crime e a participação das associações de moradores no Conselho de Segurança. ?Peço que a população nos dê um voto de confiança e nos procure para pegar nosso telefone. Às vezes o 190 demora mais porque atende toda cidade?, finalizou. (AB)

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