Autor de chacina fugiu com a mulher para o Paraguai

O homem que dizimou uma família por causa de uma dívida – Juarez Pedreiros Mascarenhas, 39 anos – fugiu levando consigo a sobrevivente da chacina, Michele, de apenas um ano e seis meses. Iran Joaquim Pereira da Silva, 61 anos, e Joana de Pádua Melo, 37, foram mortos com as filhas da mulher, Angélica de Pádua Melo, 7 anos, e Emanuele de Pádua Mello, 3, no início deste ano, mas seus corpos só foram encontrados na tarde de segunda-feira, enterrados no quintal da casa onde a família morava, no Jardim Holandês, em Piraquara. De acordo com a polícia, Juarez, a mulher dele e Michele estão na comunidade de Santa Rita, no Paraguai.

O delegado Hertel Rehbein, titular da delegacia local, disse que a família foi identificada ontem, pela manhã, por parentes de Joana. A polícia também entrou em contato com a família de Juarez, em Assis Chateaubriand (Oeste do Paraná) e descobriu que ele havia passado na casa de sua mãe, Iraci Maria Mascarenhas, e levado à força a mulher dele e Michele para o Paraguai. Antes de partir, Juarez prometeu voltar para assassinar a própria mãe e o delegado da cidade. "Já tínhamos a identificação de Juarez, mas não a divulgamos antes, porque pretendíamos prendê-lo em Assis. Agora, descobrimos que ele já deixou a cidade", salientou o delegado.

Monstro

Segundo informações da polícia, Michele assistiu à tragédia. Depois do crime, a criança foi levada para Assis Chateaubriand e entregue à mulher do criminoso, que teve conhecimento da chacina, e desde então, perdeu a fala. A mulher teria sido ameaçada por Juarez caso contasse algo para qualquer pessoa. "A criança tinha medo dele. Quando o via, começava a gritar e chorar desesperadamente", contou o delegado. Herthel disse que outro motivo do temor da menina é que ela tinha o hábito de chupar os dedos. Para que largasse o "vício", Juarez queimou todos os dedos da garotinha, usando a brasa de um cigarro.

As investigações apontaram que Juarez responde a 17 processos, três por assassinatos em Assis Chateaubriand e um outro em Toledo. O primeiro crime ocorreu em 1992, e a vítima foi um vendedor de peixes. "Na ocasião, ele retirou o sangue da vítima e pintou as paredes da casa dela. Juarez foi denunciado pela própria mãe, por isso quer matá-la para vingar-se", comentou o delegado. Depois disso matou outras pessoas e chegou a ser preso pela polícia local, cumprindo 13 anos de reclusão. Ele fugiu duas vezes da cadeia local. Depois, foi removido para a Colônia Penal Agrícola, em Piraquara, de onde escapou no ano passado.

Na ficha criminal de Juarez ainda constam crimes de lesão corporal, furto e dano qualificado. "Na ficha ainda não consta as cinco mortes ocorridas em Piraquara", alertou Herthel, referindo-se à chacina e ao homicídio que vitimou Renato Quebec, conhecido como "Scoby-Doo", 27 anos, que aconteceu no dia 14 de maio.

Barbárie contra quem o ajudou

Juarez fugiu da Colônia Penal Agrícola e foi para a casa de seu tio Iran, para quem mentiu que estava em liberdade condicional. Como Iran havia emprestado dinheiro para que o sobrinho pagasse um advogado, passou a cobrar a dívida, o que teria feito com que Juarez cometesse a chacina.

Na tarde de segunda-feira, os policiais civis acharam os corpos de Angélica e Emanuele, que estavam enterradas abraçadas, em uma cova rasa, ao lado da casa. Iran e sua companheira estavam em outra cova, na frente da moradia. O que restou dos corpos das vítimas foram recolhidos ao Instituto Médico-Legal (IML). "A causa da morte será revelada após os exames completamentares, que podem demorar", salientou o delegado Herthel Rehbein.

Voltar ao topo