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Assembleia definirá se greve na Polícia Civil será mantida

Quem precisou registrar um boletim de ocorrência nas delegacias de Curitiba e região ontem perdeu a viagem. Com exceção da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa, as outras unidades apenas registraram flagrantes, por conta da paralisação de 24h dos policiais civis. Delegacias funcionam normalmente hoje, mas assembleia da categoria no início da noite deve decidir se a greve será mantida.

O porteiro Valdomiro Chaves Garcia teve o carro furtado na tarde de ontem enquanto estava no banco, no Alto da XV. Ele tentou registrar boletim, mas se deparou com a delegacia fechada. “Só perdi tempo”, lamentou. “Já não acharia o veículo normalmente, demorando mais para registrar é pior”, completou.

A paralisação dos policiais civis foi resposta à fuga de detentos na delegacia central de Colombo, no domingo, em que um agente de cadeia foi morto, outro ficou ferido e um investigador levou um tiro de raspão na testa. A categoria luta pela retirada dos presos em carceragens de delegacias. .

Está marcada para 18h30 de hoje a assembleia que deve definir os rumos do movimento. “Vamos decidir como será a continuidade desse movimento, se continuará como paralisação ou com ações pontuais e de manifestação”, afirmou o presidente do Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná (Sinclapol), André Gutierrez. Segundo ele, mais de 80% policiais aderiram à paralisação ontem em todo o Estado. As delegacias devem funcionar normalmente hoje.

Briga política

Um policial civil, que preferiu não se identificar, não acredita que a paralisação vá trazer mudanças. “Sou policial há 30 anos e todo ano de eleição é a mesma coisa. Só afeta a população e não melhora em nada”, disse. Ele considera que cuidar de presos é desvio de função dos policiais e contou que já teve a família ameaçada por detentos. “Em vez de estar na rua investigando, resolvendo casos, o policial fica só cuidando dos presos”, afirmou. “Falta planejamento na segurança pública. Tem municípios sem delegados, delegados cuidando de duas delegacias. Cada vez está piorando”, opinou o policial.

Outro policial, que também não quis ser identificado, está há 28 anos na Polícia Civil e afirmou que medidas só são tomadas após os problemas. “Esperam acontecer alguma coisa grave para agir. Em Pinhais a carceragem foi esvaziada e hoje já está igual”, disse. Ele se referia à fuga de 40 presos daquela delegacia, em outubro de 2011.