Amigos são fuzilados dentro de condomínio em Araucária

Uma saraivada de balas foi ouvida na noite de terça-feira por moradores de um condomínio, no Jardim Iguaçu, em Araucária, onde dois rapazes foram executados com 20 tiros.

Com uma das vítimas, a polícia encontrou documento em nome de Carlos Augusto Veras, 22, preso no ano passado por fornecer armas a traficantes, o que lhe rendeu o apelido de “Senhor das Armas”. A outra vítima, que aparentava ter entre 20 e 25 anos, ainda não foi identificada.

Segundo informações da Polícia Militar, moradores do conjunto residencial, na Rua Pará, escutaram os tiros por volta das 23h. Os assassinos, conforme testemunhas, eram dois homens, que teriam pulado o muro e atirado contra as vítimas, na frente da casa, alugada há seis meses.

Fuzilaria

De acordo com a PM, Carlos levou 12 tiros no peito e cabeça. O outro rapaz foi ferido com oito tiros nas costas e cabeça. No local, a perícia recolheu diversas cápsulas de calibre 9 milímetros.

Na garagem da casa, havia um Audi A3, que, segundo o investigador Reginaldo, da delegacia de Araucária, seria o mesmo carro ocupado por Carlos quando ele foi preso, em julho do ano passado, por policiais da Delegacia de Homicídios (DH), em frente a um condomínio na Rua Pedro Gusso, CIC.

De acordo com as investigações, ele fornecia armas a uma das quadrilhas que disputavam o tráfico de drogas na Vila Nossa Senhora da Luz, Cidade Industrial. A “guerra” tinha matado 15 pessoas na região. Carlos será sepultado hoje, às 9h, no Cemitério Jardim da Saudade I.

Disputa pelo controle da CIC

A polícia apurou que Carlos pertencia à quadrilha chefiada pelo “Tio Má”, e havia entregue metralhadoras que foram utilizadas em, pelo menos, quatro homicídios na Vila Nossa Senhora da Luz.

Ao ser flagrado, ele carregava no porta-malas do Audi um pacote de munições calibre 9 milímetros, mesmo calibre da arma com que foi morto. As investigações apontaram que ele trazia munição do Paraguai rotineiramente.

Apesar de ter sido reconhecido como autor de homicídio, Carlos foi autuado por porte ilegal de munição restrita e indiciado por formação de quadrilha. Ele ficou preso até dezembro do ano passado, quando a Justiça lhe concedeu o relaxamento de prisão.

Suspeitas

Carlos foi morar em Araucária e deixou vizinhos intrigados com o entra-e-sai na residência. Para o delegado Rubens Recalcatti, que já comandou a delegacia de Araucária e está na DH, o duplo homicídio pode ter ligação com a disputa do controle do tráfico de drogas, ainda por remanescentes da quadrilha do “Tio Má” e de outro traficante conhecido da polícia.

As investigações apontam que as duas quadrilhas passaram a disputar o tráfico na região depois que o traficante Eder de Souza Conde foi preso pela Polícia Federal em maio do ano passado.

O grupo, que movimentava cerca de 100 quilos de cocaína por trimestre, se dividiu em dois após a prisão do líder. Depois da prisão de Carlos, a quadrilha de “Tio Má” foi sendo desmantelada com a prisão de outros integrantes.