Advogados de padre contestam acusações

Deprimido, chorando, sem se alimentar e sem querer falar com outra pessoa que não fosse sua mãe, o padre Sílvio Andrei Rodrigues, 40 anos, foi solto pela Justiça às 15h30 de ontem.

Ele estava recolhido no Centro de Ressocialização de Londrina e teve liberdade provisória concedida pelo juiz Sérgio Aziz Neme. Não precisou pagar fiança. Ele foi acusado de ato obsceno, corrupção ativa e embriaguez ao volante.

O religioso foi preso na madrugada de domingo, por policiais militares em Ibiporã (a 15 quilômetros de Londrina), por dirigir embriagado e nu; por fazer proposta de sexo oral para um PM e oferecer dinheiro aos policiais para não ser preso.

As acusações foram contestadas pelo advogado José Adalberto Almeida Cunha, primeiro a atender Andrei, que negou ter havido tentativa de corrupção e ato obsceno. Ontem, um novo advogado acompanhava o padre, Walter Barbosa Bittar, que também negou as acusações.

Vinho

Na versão dos advogados, o padre alterou seu comportamento após beber duas taças de vinho em um casamento, que celebrou em Londrina, onde tem residência e é muito conhecido.

Mas como toma medicamentos controlados para depressão, passou mal, a ponto de deixar a festa para ir para sua casa e foi parar em Ibiporã. Quanto à nudez (estava vestindo apenas camisa), disseram que ele vomitou na batina. Os policiais que o prenderam afirmaram não ter encontrado sinais de vômito na roupa.

Inquérito

O delegado Marcos Roberto Guazzi Belinati, de Ibiporã, pretende terminar os autos em 10 dias. O padre não fez teste de dosagem alcoólica. Porém, segundo o delegado, há relatos de testemunhas quanto à embriaguez e do próprio padre que admitiu ter tomado vinho. No carro dele, a polícia encontrou uma garrafa plástica contendo bebida alcoólica.

Durante o período em que esteve preso, recebeu somente a visita do padre Júlio Akamine, superior da Congregação dos Palotinos de São Paulo, de onde é subordinado.

Histórico de devoção

O padre Silvio Andrei é sacerdote palotino há 10 anos e atual pároco da Paróquia Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos, pertencente à Região Episcopal Sé da Arquidiocese de São Paulo. Foi ordenado em 18 de janeiro de 1997. Dez anos depois, em maio de 2007, ele participou de uma celebração durante a visita do Papa Bento XVI ao Brasil.

De acordo com a Arquidiocese de São Paulo, Andrei deveria celebrar missa às 19h20 de ontem, na Paróquia Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos, na Aclimação (SP).

Foi substituído pelo padre Donizete Coelho, o mesmo religioso que deverá acompanhar o caso de Andrei, apor ordem de dom Tarcísio Scaramussa, bispo responsável pela Região da Sé.

Popular

Andrei é um padre “pop”, com seis perfis no Orkut, blog e com ligações diretas com os meios de comunicação. Apresenta às quarta-feira um programa na TV Canção Nova, em São Paulo, e tem programa em rádio, além de um DVD e um CD gravados.

Em nota oficial, a Arquidiocese da São Paulo, informou estar “perplexa” com as notícias, mas que não irá se manifestar até que os fatos sejam amplamente esclarecidos.

A Congregação dos Padres Palotinos deseja que sejam assegurados ao padre Andrei todos os direitos previstos em lei e que ele não seja julgado antecipadamente.