Acusados de castrar crianças são reconhecidos

O comerciante Amailton Madeira Gomes e o ex-soldado da Polícia Militar do Pará Carlos Alberto dos Santos Lima, acusados de seqüestro, tortura, castração e morte de cinco crianças em Altamira, no Pará, foram reconhecidos ontem – no Tribunal do Júri, em Belém – como envolvidos nos crimes, por dois sobreviventes e testemunhas.

Ao todo são cinco pessoas que estão sendo julgadas pelos mesmos crimes, ocorridos em Altamira, entre 1989 e 1993. Gomes e Lima foram os primeiros a sentar-se no banco dos réus. Os dois negaram em juízo qualquer participação nos casos. Chegaram a dizer que sequer conhecem os outros acusados. O juiz desmembrou as sessões. O julgamento de Gomes e Lima deve terminar hoje. No dia 2 de setembro serão julgados Valentina de Andrade, 75 anos, e o marido dela, o argentino José Teruggi, tidos como líderes da seita Lineamento Universal Superior (LUS) -responsável pela matança -, e ainda os médicos Césio Flávio Caldas Brandão e Anísio Ferreira de Souza.

Testemunhas

Gomes, segundo testemunhas, teria sido visto andando de carro e a cavalo nas proximidades dos locais onde alguns corpos foram encontrados, e Lima seria o mesmo homem que teria atraído duas crianças para a mata e depois as dopado para outras pessoas castrá-las.

Hoje com 22 anos, mas à época dos crimes com apenas nove, Otoniel Bastos Costa apontou Lima como o homem que o convidou para apanhar mangas maduras. Na mata, disse ter o rosto coberto por um pano embebido em uma substância cujo cheiro não soube identificar e por fim desmaiou. “Ao voltar a mim, estava amarrado e adormecido da cintura para baixo. Desmaiei novamente. Mais tarde, após despertar, entrei em pânico ao verificar que estava sem os órgãos genitais”, contou aos jurados.

Outra vítima

O outro sobrevivente a depor foi Wandicley de Oliveira Pinheiro. Muito abalado, o rapaz, hoje com 22 anos, chegou a precisar de atendimento médico antes de ingressar no salão do júri. Depois, também reconheceu Lima como um dos autores da castração da qual foi vítima.

A testemunha Agostinho José da Costa foi contudente em seu depoimento. Ele contou ter levado a polícia até o local onde teria visto o médico Césio Brandão, outro acusado de envolvimento em rituais de magia negra e castração, saindo da mata perto de onde houve um dos crimes.

Voltar ao topo