Votação do relatório final da CPI parece final de campeonato

Parecia final de campeonato de futebol De um lado, a torcida do time vitorioso aplaudia e se abraçava. De outro, os perdedores reclamavam do juiz. A rápida votação do relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios também fez lembrar a época dos depoimentos bombásticos, como os do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) e do publicitário Duda Mendonça: plenário lotado, ansiedade e clima de guerra entre governistas e oposicionistas.

A diferença foi que, enquanto os depoimentos mais polêmicos da comissão avançavam madrugada adentro, em intermináveis e às vezes cansativas sessões, a última reunião da CPI levou menos de 30 minutos.

Diante da insistência dos petistas em protestar contra o que consideraram rolo compressor do presidente da CPI, senador Delcidio Amaral (PT-MS), parlamentares oposicionistas, como o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), pediam pressa. "Vamos votar, vamos votar", dizia ACM Neto.

No meio do falatório generalizado, os primeiros aplausos foram para o vice-presidente da CPI, deputado Asdrúbal Bentes (PMDB-PA). Os oposicionistas não tinham certeza sobre o voto de Bentes e vibraram quando o peemedebista deu o sim ao relatório apresentado pelo deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR).

Palmas também ecoaram no salão para os deputados da base governista Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) e Luiz Antonio Medeiros (PL-SP), que engrossaram a lista dos favoráveis ao relatório final da investigação feita pelo Congresso.

Mesmo sem ter participado dos trabalhos da CPI, o líder do PSDB na Câmara, Jutahy Junior (BA), reforçou a comemoração dos oposicionistas. Ele desdenhou dos protestos dos petistas. "É choro de perdedor. Não os vejo falando do conteúdo, que é grave. O relatório merecia aprovação unânime", alfinetou o tucano.

Serraglio, elogiado pelos colegas desde a sessão da manhã de hoje, fez uma comemoração discreta e não quis se alongar nos comentários sobre a votação relâmpago conduzida por Amaral.

"É a vitória da investigação correta dos fatos. O resultado pode não ter sido o melhor, mas foi o que pudemos fazer", disse o relator.

Na série de elogios a Serraglio, que ocuparam a sessão da manhã, o deputado tucano Eduardo Paes (RJ) chamou o relator de "fortaleza moral".

Sá elogiou a dedicação e paciência do colega diante das pressões da oposição e do governo para que fossem retirados trechos e nomes do relatório final. "Às vezes, Serraglio parecia até um monge", disse o petebista.

O senador pedetista Jefferson Peres (AM) também elogiou a resistência de Serraglio às pressões e disse discordar do relatório apenas pelo fato de ter poupado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ele elogiou a convicção do relator em insistir na existência do "mensalão" como pagamento em troca de votações e para patrocinar mudanças de partido.

"Me sinto um E.T., um marciano nesse mundo político. Houve um processo indecoroso de suborno. Se o dinheiro foi para o mercado financeiro, para as Bahamas ou para pagar contas de campanha, não vejo diferença", disse Peres.

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