Vigia que matou estudante é condenado a 18 anos

O ex-vigia Carlos Almir Oliveira Souza foi levado a júri popular ontem (31) e condenado a 18 anos e nove meses de prisão em regime fechado, por homicídio duplamente qualificado (cometido por motivo fútil e sem dar chance de defesa à vítima). Em maio de 2004, Souza matou com cinco tiros o estudante Guilherme Mendes de Almeida. O crime aconteceu na Praça Vicentina de Carvalho, Alto de Pinheiros, zona oeste.

Por ter revistado Almeida e seis amigos dele e, com isso, cometido o crime de constrangimento ilegal, Souza terá de cumprir em regime semi-aberto mais quatro meses e 15 dias de detenção.

Almeida tinha 15 anos quando foi morto pelo vigia. Na ocasião do crime, testemunhas afirmaram que, um dia antes do assassinato, o adolescente discutiu com Souza depois de ele ter passado em alta velocidade pela praça onde o estudante estava com os amigos.

No dia seguinte, Souza voltou ao local armado. O estudante estava na mesma praça com seis conhecidos. O segurança, então, desceu do carro com arma em punho, revistou todos e atirou em Almeida. O rapaz já estava caído quando Souza disparou os últimos dois tiros. O segurança fugiu em seguida com o carro da empresa clandestina de vigilância em que trabalhava.

O julgamento começou às 10 horas e foi presidido pelo juiz Cassiano Ricardo Zorzi Rocha. Na acusação atuou o promotor Leonardo Leonel Romanelli. Participaram da defesa os defensores públicos Ivan Silveira Laino e Menesio Pinto Cunha Júnior.

O vigia começou a ser ouvido às 10h30. Ele ficou de cabeça baixa e chorou durante todo o depoimento. Disse estar arrependido e afirmou ter atirado em Almeida após o rapaz ter tentado agredi-lo, mesmo vendo que o vigia empunhava um revólver. O segurança disse ainda não ter passado em alta velocidade na praça um dia antes do crime, como afirmaram as testemunhas. Contou também não ter revistado a vítima e os amigos dela e sim pedido para que todos levantassem as blusas. Segundo ele, Almeida o ofendeu por diversas vezes usando palavrões e fazendo gestos com o dedo.

O depoimento e todo o julgamento foi acompanhado pela filha de Souza. A garota, de cinco anos, perguntava freqüentemente à mãe quando poderia beijar o pai e, em determinado momento, gritou dizendo que o amava.

"Eu estou aliviado. A condenação foi dentro do que a gente esperava. Pelo menos houve a Justiça dos homens. Isso não vai trazer meu filho de volta, mas já é alguma coisa", disse João Eduardo Mendes de Almeida, pai da vítima.

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