Transgênicos para o mundo

A Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Paranaguá (Aciap) revelou que pela primeira vez o volume mensal de soja transgênica embarcado no porto paranaense foi maior que o de grão convencional. Durante o mês de setembro, 249,6 mil toneladas de soja geneticamente modificada foram transferidas para os graneleiros atracados em Paranaguá, ao passo que apenas 181,1 mil toneladas de soja comum rumaram para o mercado externo.

Um dos aspectos lembrados pela entidade para justificar a mudança do panorama até então verificado é que na segunda quinzena de setembro todos os berços disponíveis para embarque de soja foram liberados. Mas, isso somente aconteceu por força de uma liminar obtida pela Aciap na Justiça Federal. O pleito foi subscrito ainda pelo Sindicato dos Operadores Portuários do Paraná (Sindop) e Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Paraná (Sindapar).

A produção e comercialização de soja transgênica foi permitida em território nacional pela Lei de Biossegurança, embora as exportações do grão modificado tenham sido alvo de proibição por parte do governo do estado e Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina, sob o argumento de que o produto não estava devidamente segregado, potencializando o risco de contaminação dos grãos comuns. Aliás, isso constituiu a base da preocupação da administração portuária para a fixação de normas para as exportações de soja convencional.

Contudo, as entidades amparadas pela Justiça Federal querem dar um passo à frente e conseguir que o porto faça o embarque dos dois tipos de grão no mesmo navio. O atual procedimento da direção do porto é exigir que a segregação seja feita no interior dos navios, embora a exigência cause polêmica em virtude da interferência numa decisão dependente da logística das empresas de navegação.

Nos próximos dias, segundo informou a jornalista Cibelle Bouças, do Valor Econômico, as entidades citadas terão solicitação nesse sentido apreciada pelo Conselho da Autoridade Portuária. José Sílvio Gore, presidente da Câmara Setorial de Terminais da Aciap, revelou que os porões dos navios têm compartimentos separados, tornando remota a mistura da soja convencional com a transgênica.

Os embarques de soja transgênica em Paranaguá estão sendo feitos desde maio passado, também por força de mandados judiciais. A interminável polêmica entre os administradores do porto e as companhias exportadoras, em relação à soja transgênica, causou a redução do embarque em cerca de um milhão de toneladas até setembro, em comparação com período igual em 2005. A queda das exportações no período foi de 18%, ficando em 3,69 milhões de toneladas, enquanto nos demais portos do país houve incremento dos mesmos 18% nas entregas, que totalizaram 21,59 milhões de toneladas.

O embargo paranaense, segundo o jornal especializado em temas econômicos, beneficiou o porto gaúcho de Rio Grande, que passou a ser a principal alternativa dos exportadores. De janeiro a setembro, as exportações de soja por esse porto tiveram o crescimento extraordinário de 579%, ou 2,99 milhões de toneladas, contrariando versões dando conta do estado de inércia e abandono dos terminais de embarque do litoral do Rio Grande do Sul.

Na safra 2005/06 o Paraná produziu 9,3 milhões de toneladas de soja, das quais 32% eram transgênicas, estimando-se que a participação na próxima colheita chegue à metade da produção.

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