Tragédia anunciada

Uma tragédia repetida ano a ano, especialmente por ocasião das festas de final de ano e feriados prolongados, mais uma vez transformou em dor o clima de contentamento de algumas dezenas de famílias que passaram pelo trauma de enterrar entes queridos, vitimados pela violência inconseqüente e inqualificável da maioria das rodovias federais brasileiras.

Números coletados até o final da tarde de terça-feira, 25, liberados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), dão conta que o Natal deste ano foi o mais violento dos últimos tempos, com o absurdo registro da morte de 160 pessoas. Tendo em vista que milhares de pessoas estarão voltando para casa antes da virada do ano, e outros milhares viajando para descansar ou visitar parentes, a própria PRF está apreensiva diante da probabilidade real do aumento em níveis surreais da estatística do morticínio nas estradas.

Aliás, para acicatar a consciência das autoridades diretamente relacionadas com a problemática do trânsito, congressistas e governo federal, basta lembrar que, entre 1998 e 2006, mais de 180 mil pessoas pereceram em desastres de trânsito nas rodovias, a maioria causada pela imprudência de motoristas despreparados, embora as péssimas condições de conservação da malha rodoviária estadual ou federal também tenham dado exponencial contribuição para a tragédia.

Estudiosos do problema têm afirmado reiteradamente que um novo Código Nacional de Trânsito deve ser elaborado e aprovado em regime de urgência urgentíssima pelo Congresso, a fim de evitar a continuidade desse autêntico massacre de pessoas inocentes, que acabam pagando com a vida a imperícia e a precariedade da ação governamental, quanto ao cuidado requerido por uma área tão carente de providências.

Dentre as medidas tomadas por governantes e legisladores de países desenvolvidos, onde a excelência da engenharia de tráfego e o aprimoramento constante da malha rodoviária, ao que tudo levar a crer, não inibem a irresponsabilidade que toma conta de muitos motoristas nessas ocasiões especiais, foram aprovadas punições drásticas para infratores e causadores de mortes nas rodovias.

A mais radical de todas as punições é colocar atrás das grades, em alguns casos por longos anos, os condutores de veículos literalmente enlouquecidos pela pressa e sem o menor senso do que é transitar por estradas que não oferecem condições ideais de segurança e trafegabilidade, colocando em risco a própria e exterminando a vida alheia. É imperioso pensar no assunto.

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