Tesouro consegue dobrar valor de emissão de títulos

Tesouro Nacional estima que chegará ao fim do mês tendo emitido R$ 15,4 bilhões em títulos. Até quinta-feira, as emissões haviam totalizado aproximadamente R$ 10,7 bilhões e estão programadas, para esta semana, ofertas de mais R$ 4,6 bilhões em papéis. Os dados mostram que, aos poucos, o mercado está voltando a comprar papéis da dívida pública federal. Em setembro, o Tesouro havia conseguido vender R$ 6,7 bilhões em papéis, ou seja, menos de metade do total esperado para outubro.

?A demanda por títulos da dívida pública está se normalizando?, disse hoje (29) o secretário do Tesouro Nacional  Eduardo Guardia. Segundo avaliou, o fim do processo eleitoral eliminou um foco de incertezas do mercado e propiciou um clima mais favorável à volta dos negócios. Na semana passada, o Tesouro vendeu um total de R$ 4,8 bilhões em títulos, mais do que o dobro do que vinha colocando desde meados de setembro (R$ 2,1 bilhões por semana, em média). Nesta semana, estão programados R$ 4,6 bilhões.

A melhora na demanda por títulos, segundo o secretário, permite ?rolar? uma parcela maior da dívida pública, o que abre espaço para chegar ao fim do ano com uma posição de caixa ?mais confortável?. Guardia já havia estimado, em entrevista à Agência Estado, que poderia montar uma reserva para pagamento da dívida de R$ 26 bilhões para o novo governo. É dinheiro suficiente para resgatar quase a totalidade dos títulos que vencem no primeiro trimestre. ?Mas esse é um cálculo conservador?, disse. A projeção levava em conta colocações de títulos de R$ 2 bilhões por semana até o fim do ano, mas esse valor já está mais do que dobrando.

Segundo o secretário, uma outra indicação de que o mercado de títulos está voltando à normalidade é o fato de o Tesouro estar vendendo títulos de vencimento em médio prazo, caso das Notas do Tesouro Nacional série C (NTN-C) com vencimento em dezembro de 2005. Também começaram a ser aceitos papéis de vencimento no ano que vem, as Letras Financeiras do Tesouro (LFTs) para janeiro de 2003. No entanto, já há procura por títulos com vencimento em junho de 2003, informou na semana passada o coordenador da Dívida Pública, Paulo Valle.

A venda de NTN-C, um papel corrigido de acordo com a variação do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), tem gerado preocupações entre os analistas por refletir uma aposta do mercado em uma inflação mais alta em 2003. Guardia afirmou, porém, que esse é um mecanismo ?eficiente? de financiamento do governo federal. Primeiro, porque esses papéis vencem em prazos médios ou longos, reduzindo a necessidade de rolagem da dívida. Segundo, porque o Tesouro Nacional tem créditos indexados por um índice semelhante (IGP-DI), que são as dívidas dos Estados e municípios.

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