Superávit comercial

Na esteira de seis exercícios com saldo superavitário na balança comercial, até chegar aos US$ 46 bilhões do ano passado, já apareceram os primeiros sinais de que a tendência crescente pode se inverter ao longo de 2007, e o País não consiga repetir o desempenho até aqui bem-sucedido das exportações.

Os analistas depõem que quanto mais desimpedida ficar a economia, maior será a queda do superávit comercial, mesmo porque a valorização do real servirá como ponto de apoio para o aumento do consumo de produtos importados, aliás, uma irrefreável vocação dos brasileiros.

A apreciação do real frente ao dólar norte-americano teve um papel fundamental na redução dos índices de inflação – a espada de Dâmocles sobre o Banco Central -, mas, a essa altura, são bastante evidentes os reflexos prejudiciais sobre a movimentação de produtos brasileiros no mercado exterior. Nesse interregno, a indústria voltada para a exportação passou a colocar a taxa de câmbio acima dos juros básicos, dentre suas preocupações fundamentais de médio prazo.

Portanto, a perspectiva do aumento das importações deverá crescer com a tendência anunciada da queda de juros este ano, estimulada pelo controle da inflação e crescimento do PIB abaixo da média dos demais países emergentes, entre outros fatores.

O quadro foi esboçado pela revista Foco, Economia e Negócios, ao comentar que o volume de exportações e importações brasileiras somou US$ 229 bilhões em 2006, valor 113% maior que o registrado em 2002.

Todavia, tal comportamento derivou bem mais do crescimento acelerado da economia mundial que das medidas de estímulo ao setor exportador. O saldo positivo da balança comercial pulou de US$ 13,1 bilhões em 2002 para US$ 46 bilhões no ano passado, mas esse avanço recorde não dependeu, em absoluto, da visão logística do governo para o comércio exterior.

Os cálculos dos especialistas revelam que em 2007 o saldo comercial não deverá exceder os US$ 40 bilhões, assim mesmo um valor altíssimo, apesar da curva ascendente das importações. O drama é que muitos produtos também fabricados aqui passaram a ser comprados no exterior.

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