Alerta

Taxa de suicídios entre crianças e adolescentes aumenta 10% no Brasil

No mundo todo, mais de 121 milhões de pessoas sofrem com a doença. Foto: Pixabay
Depressão também afeta crianças e adolescentes. Foto: Pixabay

Assim como adultos, crianças e adolescentes também estão sujeitos aos impactos das doenças mentais. E as consequências mais graves podem ser vistas no crescimento dos casos de suicídios desta faixa etária ao longo dos últimos anos, no Brasil. O aumento alerta também para os sinais que pais, professores e profissionais da saúde estão deixando passar despercebidos, e que poderiam ajudar na redução dos números.

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Entre os anos de 2003 e 2013, o país registrou aumento de 10% nos casos de suicídio entre crianças e adolescentes dos nove aos 19 anos. Ao longo das décadas de 1980 até 2012, o acumulado é ainda mais expressivo, chegando a 62,5% de suicídios entre adolescentes de 15 a 19 anos. Os dados fazem parte dos estudos Mapa da Violência, publicados em 2014 e 2015, e usam informações divulgadas pelo Ministério da Saúde.

Embora os números assustem, eles indicam uma mudança na cultura do silenciamento sobre as doenças mentais e o suicídio, tanto no momento de registrar as causas da morte pelos profissionais da saúde, quanto na presença do tema nas conversas de família.

Neste Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio, lembrado todo 10 de setembro, reforçamos os sinais que os transtornos mentais podem manifestar, visando o diagnóstico precoce.

Falar sobre depressão e suicídio, de forma adequada, contribui para que crianças e adolescentes sintam-se abertos a discutirem o assunto com seus pais, caso achem que estão, de alguma forma, ameaçados. Da mesma forma, os pais se sentem mais empoderados a perceber os sinais e a escutarem os seus filhos.

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“O olhar está mais atento, falamos mais sobre isso. Desafios na Internet, como a Baleia Azul, fizeram com que o olhar se voltasse a isso. Muitos casos passavam antes despercebidos. Ao falar mais, facilita a identificação dos sinais. A criança e o adolescente, em depressão, apresentam sinais diferentes do adulto, como uma agressividade e uma agitação maior”, explica Angela de Leão Bley, psicóloga doutora em Psicologia Clínica e chefe do serviço de Psicologia do Hospital Pequeno Príncipe.

Sintomas das crianças e adolescentes

A dificuldade em apontar os próprios sintomas e em entender que algo está errado fazem com que os sinais de depressão e outros distúrbios mentais sejam diferentes entre as crianças e adolescentes do que com relação aos adultos. Fique atento aos seguintes sinais:

Crianças

– Apatia, voz monótona;
– Sintomas físicos, como dor de barriga, dor de cabeça e dificuldade para dormir recorrentes;
– Irritação;
– Queda no desempenho escolar ou não gosta mais de ir para a escola;
– Mudança na alimentação – ou come demais ou come pouco;

Adolescentes

– Conseguem relatar de uma forma mais clara através de frases como: “eu sou um peso para a família”, “não tenho valor nenhum”, “ninguém gosta de mim”;
– Demonstrar grau de desesperança;
– Irritação ou agressividade;
– Mudança nos hábitos: desempenho escolar em queda, alimentação diferente, etc.

“Um detalhe importante é ficar atento a esses sinais que os adolescentes, embora não pareça, eles dizem o que estão sentindo. Saber escutar é muito mais importante do que correr atrás de sintomas escondidos“, explica Marcelo Heyde, médico psiquiatra.

Uma vez identificados os sinais, o diálogo entre pais e filhos deve ser o mais acolhedor, sem julgamento, possível. “Muitas vezes o jovem quer o diálogo, mas ele tem medo do julgamento e por isso evita. Isso vale para os pais, os amigos e professores”, reforça o especialista.

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“Fazer com que a criança sinta-se segura é complicado, ela vem sem manual. Mas, o mais importante, é a qualidade do tempo que se passa com o filho para que, em caso de alguma mudança, os pais consigam perceber”, lembra Ângela de Leão Bley, psicóloga-chefe do serviço de Psicologia do Hospital Pequeno Príncipe.

Outra condição que atrapalha a visão dos pais sobre os sintomas das crianças e adolescentes pode ser uma doença mental não diagnosticada nos próprios adultos.

Onde buscar ajuda?

Quem estiver passando por dificuldades e não sabe bem como conversar com amigos, familiares ou pessoas mais próximas, pode entrar em contato com diferentes canais do Centro de Valorização da Vida (CVV). A partir do telefone 188 — disponível em todo o território nacional –, o interessado pode entrar em contato a qualquer hora, em qualquer localidade do país, com pessoas capacitadas para ouvi-lo.

Quem preferir, pode entrar em contato via chat, Skype ou e-mail, através do site do CVV: www.cvv.org.br. Por telefone, o interessado pode ligar no número 188, ou diretamente no posto da sua região. Em Curitiba, o CVV está localizado na Rua Carneiro Lobo, 35. Bairro Água Verde. O telefone para contato é (41) 3342-4111.

Nem tudo é depressão

A tristeza é uma emoção humana e faz parte do desenvolvimento das crianças e adolescentes apresentar sintomas depressivos. No entanto, quando esses sinais afetam a rotina, é importante buscar ajuda médica até para excluir as doenças mentais, como a depressão.

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Se houvesse uma cultura de ida ao psicólogo e ao psiquiatra com a mesma tranquilidade que se visita um médico ginecologista, por exemplo, condições mentais poderiam ser diagnosticadas precocemente e o tratamento seria mais efetivo, de acordo com Marcelo Daudt Von Der Heyde, médico psiquiatra e vice-presidente capital da Associação Paranaense de Psiquiatria.

“A questão do suicídio é uma emergência médica da mesma forma que o infarto ou uma infecção. As pessoas precisam entender que, quando há intenção de suicídio, isso é uma emergência médica e precisa de ajuda imediata”, explica Heyde, que completa: “Perto de 90%, em média, dos quadros de suicídio têm algum distúrbio mental por trás, seja entre os adultos ou adolescentes. E na maior parte das vezes são quadros tratáveis”.

Tratamentos associados

Descobrir precocemente as doenças e distúrbios mentais, especialmente entre o público mais jovem, faz com que o tratamento seja mais efetivo. Seja entre os jovens ou adultos, a abordagem tende a ser semelhante: uma mescla do tratamento psicoterapêutico com farmacológico, quando necessário.

“Existe um mito que as crianças não podem tomar remédios, mas pode sim, em casos de quadros graves. Quando você trata na adolescência, é a hora correta de atingir a doença, porque quanto antes receber o diagnóstico e começar o tratamento, melhores resultados a longo prazo”, explica Marcelo Heyde, psiquiatra.

A segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no mundo é o suicídio que, no Brasil, está em quarto lugar entre a mesma faixa etária.

Redes sociais em apoio

Não é incomum recorrer às redes sociais em momentos de dúvida ou incômodo e, para direcionar os usuários mais vulneráveis, algumas plataformas têm fornecido um serviço diferente. Cada vez que alguém fizer uma busca por termos associados à depressão e suicídio, o primeiro resultado será uma notificação de incentivo a pedir ajuda e onde procurar apoio. Nos detalhes, serão divulgados os contatos do CVV.

https://twitter.com/TwitterBrasil/status/1039147006231502849

A mesma atitude é vista em outras redes sociais, como o Tumblr e o Facebook, que também reforçam as mensagens de ajuda e apoio quando o usuário busca pelo tema:

Ao buscar pelo termo ‘suicídio’ na rede social, o Tumblr apresenta uma mensagem de cuidado, com sugestão de contato com o CVV (Foto: reprodução Tumblr)
Ao buscar pelo termo ‘suicídio’ na rede social, o Tumblr apresenta uma mensagem de cuidado, com sugestão de contato com o CVV (Foto: reprodução Tumblr)

 

A mensagem de apoio do Facebook ao usuário que buscar por informações relacionadas a suicídio e depressão é de orientação a si, ou a um amigo (Foto: reprodução Facebook) 
A mensagem de apoio do Facebook ao usuário que buscar por informações relacionadas a suicídio e depressão é de orientação a si, ou a um amigo (Foto: reprodução Facebook)

 

 

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