Curitiba

Investidores de criptomoeda desconfiam de golpe por corretora de Curitiba

Escrito por Maria Luiza Piccoli

Dinheiro do futuro”. É assim que as criptomoedas, popularizadas pelo famoso “Bitcoin”, passaram a ser chamadas depois que deixaram de ser exclusividade dos redutos tecnológicos “moderninhos”. Com mais investidores do que a própria Bolsa de Valores de São Paulo, estima-se que, quase 1,5 milhões de brasileiros já operem com criptomoedas no país. Se por um lado a praticidade e a rápida possibilidade de lucro atraem cada vez mais investidores, por outro, é preciso cuidado redobrado, já que muita gente tem aproveitado essa tecnologia para aplicar golpes e praticar crimes, deixando vários usuários no prejuízo.

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A operação é simples. Quase como comprar dólar. Em termos brutos, funciona mais ou menos assim: você paga em reais, o dinheiro é convertido em criptomoeda, enviado a uma corretora e, depois de um tempo, pode ser sacado novamente. A diferença é que ao invés de uma casa de câmbio, tudo é feito virtualmente sem intermédio de instituições bancárias ou governamentais. Fácil, rápido e prático, certo? Nem sempre. Pelo menos é o que afirmam usuários da corretora de criptomoedas “CoinX” – sediada no bairro Rebouças, em Curitiba – que, impedidos de sacar o que investiram, estão “na bronca” desde o mês passado.

Manoel* é um deles. O corretor, que preferiu usar um pseudônimo para conversar com a reportagem, tem cerca de R$10 mil a receber. Indignado ele desabafa: “eu já tinha programado o orçamento dos próximos meses com esse dinheiro e agora estou tendo que apertar os cintos”, lamenta. Retido desde o dia 16 agosto, o valor está bloqueado para saque junto com mais alguns milhares de reais pertencentes a outros investidores. “Eu sou um dos que menos tem a receber. Tem gente com mais de cem mil retidos lá”, afirma.

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É o caso do contador, Eduardo*, que também preferiu não divulgar seu nome. Com mais de R$ 200 mil a receber ele afirma não ter palavras para expressar sua indignação diante da situação. “Me sinto lesado e impotente. Eles pararam de atender as ligações e não prestaram nenhum tipo de esclarecimento aos investidores”, desabafa. Morador da cidade de Cuiabá, no Mato Grosso, Eduardo encontrou no aplicativo WhatsApp a única forma de reunir os usuários do serviço que passaram pela mesma situação. “Formamos um grupo que já está com quase 70 pessoas, todas foram enganadas. Estimamos que somando tudo, o valor a ser pago pela empresa chegue aos R$2 milhões”, revela.

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O imbróglio começou no mês passado,quando a corretora simplesmente bloqueou os saques sem nenhuma explicação. Até então as operações aconteciam normalmente. “No dia 16 eles emitiram um aviso explicando que estavam enfrentando problemas por conta da inclusão de duas novas criptomoedas no sistema e isso estaria atrasando as operações”, explica Manoel. Procurada pelos investidores, a gerência da CoinX informou que o problema seria rapidamente resolvido e que os pagamentos seriam feitos no dia 27 de agosto, mas isso não aconteceu.

Uma semana depois, por meio da página do Facebook, a corretora emitiu novo comunicado, no qual atribuiu o atraso nos pagamentos à falta de colaboradores na empresa e à duplicidade de saques que podem ser feitos tanto em reais quando em criptomoedas. No mesmo aviso, a CoinX informou que liberaria o dinheiro em lotes porém, até agora, os usuários não viram nem a cor da primeira parcela.

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Foi o que bastou para que, temendo serem vítimas de um golpe, alguns membros do grupo se reunissem em busca de justiça. Tutelados por uma advogada, os investidores registraram boletim de ocorrência e aguardam a solução do problema. “A empresa vem continuadamente agendando e descumprindo prazos e postergando essa obrigação de pagar. Já emitimos uma notificação extrajudicial porém eles dão respostas evasivas e não apresentam uma solução para o problema”, afirma Maria Helena Suarez Margarido, advogada dos investidores. Ela afirma que, caso a corretora não cumpra os pagamentos, a questão será levada à seara criminal.

E aí, CoinX?

Procurada pela Tribuna, a CoinX informou por meio de uma secretária que os pagamentos deveriam ser viabilizados até às 13h da última quinta-feira. André Gardenal, empresário apontado como responsável pela corretora, não atendeu às tentativas de contato da reportagem e afirmou, por meio de uma mensagem de Whatsapp, que estaria em viagem até hoje. Ao retornarmos, no início da tarde de quinta-feira, para saber se os saques tinham sido liberados, ninguém atendeu às nossas ligações.

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Sobre a empresa

Sediada na Avenida Silva Jardim, bairro Rebouças, a empresa funciona na casa de um dos sócios minoritários, o empresário Myungsun Jung, cujo nome também consta no registro do domínio da corretora. Segundo informações do site “Portal do Bitcoin”, Jung divide a gestão do empreendimento com outras 3 pessoas. Segundo o site, a sede da CoinX continua aberta ao público: único fato que ainda inspira alguma sensação de segurança entre os investidores que possuem dinheiro preso e, até agora, conforme afirma a página – “não há indícios de tentativa de  fuga” por parte dos gestores.

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Sobre o autor

Maria Luiza Piccoli

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