Sem identidade, 150 brasileiros foram impedidos de entrar no Paraguai

Brasileiros que tentaram entrar em Ciudad Del Este hoje, na fronteira entre o Brasil e o Paraguai, sem identidade foram expulsos. Até o final da manhã, pelos menos 150 tiveram de retornar ao Brasil. Nas lojas o clima ficou tenso com a presença dos agentes de imigração. Eles procuravam por trabalhadores ilegais. O cerco aos estrangeiros começou às 5h da manhã – horário de Brasília.

A Polícia Nacional e a Marinha reforçaram a segurança para impedir reações, mesmo assim, um paraguaio que transportava brasileiros tentou fugir. Na fuga, ele feriu um agente, foi preso e levado para departamento policial. Cerca de 20 agentes do Ministério do Trabalho e o Instituto de Previdência Social participaram da ação.

Os alvo eram carros e vans, mas principalmente motos, por serem as preferidas dos trabalhadores que cruzam a fronteira todos os dias. "Se não morar no Paraguai não pode trabalhar", avisou o diretor-geral de Migrações, Carlos Liseras.

O Departamento de Imigrações estima que sete mil brasileiros estejam trabalhando ilegalmente no comércio. Somado com os comerciantes na maioria árabes, libaneses e chineses, o número salta para dez mil. "Ele têm 60 dias para legalizar a situação", estimou Liseras. A partir da data o tratamento será o da deportação.

Liseras negou que a ação seja uma retaliação ao Brasil, que há quatro meses intensificou o combate ao contrabando entre os dois países, reduzindo o movimento do maior centro comercial aberto da América Latina em 80%. "É uma decisão do nosso país que também começou a combater com mais eficácia o contrabando. O Paraguai nunca comungou com este estado de coisas".

Durante as abordagens os fiscais recolheram inúmeros documentos – na maioria carteiras de identidade e de imigração falsas. Eles eram usados por brasileiros para tentar burlar o processo de identificação e expulsão. "É mais grave do que estar ilegal. É uma tentativa de fraudar o país".

Arrastão

Os proprietários das lojas também estão sendo investigados. Quem não possuir documento de imigração e morar no país vizinho também será expulso do Paraguai. "Tem que possuir carteira de imigrante e viver aqui. Do contrário o tratamento será o mesmo".

A revista às lojas começou por volta das 10h30. A primeira a ser "visitada" foi um shopping especializado em jogos eletrônicos, com mais de 300 departamentos. "Não adianta vir aqui. A única brasileira tivemos de dispensar", disse o proprietário Ali Chamas.

Mesmo com a explicação os fiscais exigiram a presença de todos os funcionários no balcão. Cada um teve de apresentar a identidade. O número do documento era anotado. Ao final da checagem o comerciante assinou como prova de que as informações eram corretas.

"Há dois anos provocaram correria. Muitas meninas saíram arrastadas e chorando. Foi muito traumático", lembrou. O prazo de 60 dias para que os brasileiros passem a morar no Paraguai para poder trabalhar foi considerado insignificante.

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