Mas como??

Procurado, suspeito de matar PM tenta se apresentar, mas não fica preso!

Imagem ilustrativa. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná
Imagem ilustrativa. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná

Embora estivesse sendo procurado ao longo desta sexta-feira (7), o homem apontado pela polícia como suspeito de ter matado a tiros o policial militar Erick Norio tentou se apresentar à noite, mas não ficou preso. Segundo o advogado de Antônio Francisco dos Prazeres Ferreira, 33 anos, a Polícia Civil não o aceitou por não ter um mandado de prisão e também pela situação já estar fora do flagrante.

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O advogado José Valdeci de Paula explicou que foi procurado pelo homem, que ainda é tratado apenas como suspeito e não como autor, depois do que começou a acontecer na região da Vila Corbélia, onde o crime aconteceu. “Segundo ele, a situação no bairro estava complicada, morreu gente inocente e depois que incendiaram as casas a situação ficou pior ainda”, detalhou.

Por conta do tumulto, Antônio resolveu que seria melhor se apresentar, por já saber que a polícia o tinha como suspeito. “O que ele queria era parar com o que estava acontecendo no bairro, pois ficou preocupado”, explicou o advogado.

Ao advogado, Antônio disse que não teria sido ele o autor dos disparos que vitimaram o soldado Erick Norio. “Ele disse que foi outra pessoa, que inclusive foi morta ontem já, mas como a situação no bairro ficou complicada, ele queria se apresentar porque sabia que também procuravam por ele”.

Tentativas em vão

Com Antônio em seu próprio carro, o advogado tentou primeiro levá-lo à Central de Flagrantes, no Portão, mas não deu certo. “Lá, o policial de plantão disse que não adiantava nem tentar alguma coisa porque seria na DVC (Delegacia de Vigilâncias e Capturas), então fomos para essa outra unidade”.

Na DVC, o advogado também recebeu negativa porque os policiais descobriram que não tinha mandado. Ligamos até para o Gaeco e não conseguimos nada”, detalhou José Valdeci.

Os dois, suspeito e advogado, saíram da DVC por volta das 3h30. “Por lá, os policiais se esforçaram para encontrar alguma brecha que fizesse com que ele ficasse preso, mas não deu certo também e nós voltamos à Central de Flagrantes, onde sempre foi a ideia inicial de entregá-lo”.

Não ficou preso

Como já tinha passado o período do flagrante do crime que vitimou o policial, a Central de Flagrantes realmente se recusou a ficar com Antônio. Ainda conforme o advogado, nenhuma das unidades policiais onde eles estiveram buscou fazer contato com a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), responsável pelas investigações.

A revolta, para o advogado, foi por ter ficado andando pela cidade tentando entregar seu cliente e a polícia não o aceitar. “Penso que a polícia poderia ter, pelo menos, segurado ele por averiguação, eles poderiam ter feito isso, mas não fizeram”, desabafou José Valdeci.

O delegado Osmar Feijó, da DHPP, responsável pelas investigações da morte do soldado Erick Norio, explicou que a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa não foi informada sobre essa intenção do suspeito de se apresentar. Isso, conforme a Polícia Civil, vai ser apurado através de um procedimento interno.

Sobre Antônio ter sido liberado, a possível falha que vai ser apurada é a questão de o homem não ter sequer sido ouvido pelos policiais que o atenderam. O delegado Osmar Feijó destacou que, ainda que Antônio se apresentasse à DHPP, ele também não ficaria preso. “Ele seria ouvido, até mesmo possivelmente interrogado, mas seria liberado. Só conseguiríamos mantê-lo preso com provas evidentes e, mais, se fosse concedido mandado de prisão, pois já tinha passado o período do flagrante”, explicou o policial, reforçando ainda que caso o suspeito queira ser ouvido, a DHPP está à disposição e é para essa unidade policial que ele deve procurar.

Suspeito conhecido

Antônio é um homem já conhecido pela Polícia Civil, principalmente pelos policiais do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope). Em setembro, o homem estava com uma pistola que tinha sido roubada de um policial militar e foi preso, mas foi solto em audiência de custódia.

“Mesmo estando com uma arma roubada, dois dias depois do flagrante foi colocado em liberdade na audiência de custódia. Hoje é suspeito de ter matado o policial covardemente”, detalhou o delegado Rodrigo Brown, titular do Cope.

Segundo o que a reportagem apurou, nesta sexta-feira, a polícia já procurava por Antônio, mas ainda o tratava apenas como suspeito. A busca por Antônio foi noticiada até mesmo pela Tribuna do Paraná, que sequer havia divulgado seu nome, para não atrapalhar as investigações.

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