Morte na Praça da Espanha

PMs podem ter esquecido de mencionar disparos na Vicente Machado, diz delegada

Delegada Daniela Correa Antunas Andrade, do 3º Distrito Policial. Foto: Atila Alberti/Tribuna do Paraná

As investigações sobre a perseguição policial na madrugada de 12 de maio, na Praça Espanha, em Curitiba, que terminou na morte do publicitário Andrei Gustavo Orsini Francisquini, 35 anos, tiveram mais um capítulo nesta quinta-feira (23). A delegada de polícia Daniela Corrêa Andrade, responsável pelo caso, disse que os policiais militares podem ter se esquecido de mencionar os disparos efetuados na Avenida Vicente Machado, contra o carro de Andrei, durante a primeira abordagem policial feita naquela madrugada. A delegada se refere ao fato dessa informação não constar no boletim de ocorrência (B.O.) registrado pela Polícia Militar (PM), que menciona disparos com arma de fogo apenas na praça, já no desfecho da perseguição.

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Apesar de tocar no assunto, a delegada afirma que o esquecimento dos policiais é apenas uma hipótese, por causa da adrenalina motivada pelo ocorrido, mas que não pode afirmar, até ouvir os PMs em inquérito, se é por isso que B.O. não traz a informação. Segundo a Daniela Corrêa, o boletim foi atualizado por três vezes, antes de ser finalizado no sistema.

“As versões do boletim são praticamente iguais. Em nenhuma delas são mencionados os disparos na Vicente Machado, que aparecem nos vídeos das câmeras de segurança. Mas isso é um fato que não altera a linha de investigação. Estamos aguardando os laudos da perícia no veículo e na arma para poder seguir com a coleta dos depoimentos”, explicou.

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Conforme a PM, a perseguição começou na Rua Vicente Machado, onde o jovem, num corsa branco, teria fugido de uma abordagem da Rondas Ostensivas Tático Motorizadas (Rotam), do 12.º Batalhão. Teria, inclusive, colocado o carro em cima de alguns policiais, mas não chegou a atingir nenhum deles. A perseguição terminou na Praça da Espanha.

O carro de Andrei demonstra marcas de 16 tiros. Na Vicente Machado, teriam sido efetuados cinco disparos. Segundo a PM, em direção aos pneus. “O detalhe da abordagem, dos disparos contra os pneus, após Andrei arrancar com o carro na direção de um policial, consta no boletim. Não há distorções nas informações”, aponta a delegada.

Família questiona

Para o advogado da família, Paulo Cristo, que falou com a imprensa na tarde desta quinta-feira, a não atualização dos três B.O., para constarem os cinco disparos da abordagem na Vicente Machado, merece ser apurada. “As versões dos três boletins são as mesmas, desde o primeiro dia, e não apresentam essa informação. Apenas relatam a ocorrência dos tiros na Praça Espanha. Então, houve uma omissão dos tiros que alvejaram o veículo do Andrei na Vicente”, diz Cristo.

O advogado aponta, inclusive, que o laudo pericial das armas dos PMs, confrontado com o laudo no veículo, será fundamental para apontar de onde partiu o tiro fatal, que matou o Andrei. Cristo também afirma que o relato dos policiais militares que consta no boletim de ocorrência não é aquilo que foi visto nas imagens.

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O advogado ainda disse que a defesa pediu a busca por digitais na arma que foi encontrada no colo de Andrei. “Esse foi um requerimento da defesa, que fosse feita a coleta da digital principalmente no carregador. Porque ele é um equipamento que fica escondido, então, não daria tempo dele manusear para retirar os projéteis ou colocar os projéteis naquele momento. Nós queremos saber quem foi que municiou esse carregador. São dez impressões digitais, que estariam em dez projéteis”, finaliza.

Os PMs envolvidos na ação só devem ser ouvidos após serem liberados da dispensa para tratamento psicológico. Três deles seriam interrogados na quarta-feira (22), mas os depoimentos foram adiados.

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