Após dois meses do começo da onda de violência que toma conta do sistema de transporte coletivo de Curitiba, a Secretaria de Estado de Segurança Pública do Paraná (Sesp) convocou reunião com os demais órgãos de segurança do estado e do município para definir ações coordenadas visando o aumento da segurança do sistema na capital e na Região Metropolitana.

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Ao longo desses 60 dias, foram quatro pessoas mortas — as duas mais recentes no último sábado (23), na ação que vitimou Larissa Morgana Ferreira, de 24 anos —, ao menos sete arrastões, além de inúmeros assaltos e agressões na rede de transportes. Porém, o comitê de segurança, criado em julho para cuidar do transporte coletivo, pouco agiu nesse período, limitando-se a fixar cartazes nos ônibus destacando o perigo da violência.

Na reunião desta terça-feira (26), a secretaria anunciou medidas imediatas que envolvem o reforço no policiamento em linhas, estações e terminais com maior ocorrência de crimes, o trabalho conjunto entre os setores de inteligência das polícias Civil e Militar, além da Guarda Municipal, e a integração dos botões de pânico presentes nos ônibus com o centro de comando das guardas municipais. Ficará a cargo das guardas das cidades o atendimento imediato das ocorrências.

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De acordo com o secretário de segurança pública do Paraná, Wagner Mesquita, as ações só foram tomadas agora por causa do aumento de ocorrências e o grau de violência nesses casos.“Devido ao agravamento das ocorrências, nós entendemos agora por acompanhar a pauta. Nosso papel como ente estratégico é entender o panorama, acompanhar as medidas para ter um resultado mais eficaz”, justificou.

Integração

Para o secretário de Defesa Social de Curitiba, Guilherme Rangel, o estreitamento das relações da Guarda Municipal com as outras forças de segurança que atuam na capital visa dar maior agilidade ao atendimento de ocorrências nos ônibus de Curitiba. “A Guarda trabalha cada vez mais próxima as polícias Civil e Militar e ficou definido que ela vai fazer o policiamento preventivo e ostensivo. A gente vai intensificar esse trabalho para dar uma resposta mais eficaz à população”.

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Já a questão envolvendo as câmeras de monitoramento depende do período de avaliação, que ainda levará cerca de 30 dias, segundo a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), responsável pelo estudo. Ao menos 10 empresas integrantes do sistema de transporte coletivo apresentaram tecnologias para o monitoramento dos veículos. Antes de ser implantado, é preciso definir um modelo a ser adotado pelo sistema de transporte coletivo.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), Anderson Teixeira, essa era a principal reivindicação dos trabalhadores, pedido que foi atendido na reunião. “Isso foi atendido de pronto, tanto é que ele [Wagner Mesquita] está pedindo que as imagens dos testes venham diretamente para o centro de comando, para que possa ser montada a operação”, celebrou.

O porquê do aumento

De acordo com Mesquita, o crescimento nos casos de crimes contra o transporte público se dá em função de uma mudança de comportamento dos próprios bandidos, que enxergam uma maior oportunidade no sistema e tem migrado de outras categorias de crimes. “Passamos por fatos relativos a roubos em farmácia, lojas de celulares, crimes em shoppings. A criminalidade busca um nicho. Quando a polícia coloca agentes nesses crimes, os criminosos buscam outro local que possibilite a ação”.

O presidente do Sindimoc se disse satisfeito e esperançoso após a reunião com a cúpula da segurança pública do estado. “Ouviram nosso clamor. O secretário de segurança pública se postou com vontade de buscar uma solução para o transporte coletivo. Acreditamos que em um prazo muito breve teremos respostas para a sociedade, e para o trabalhador ter mais tranquilidade no dia a dia do serviço”, comentou.