Família humilde

Jovem assassinada em ônibus sustentava a família e voltava do trabalho naquele horário

Larissa voltava do trabalho quando foi baleada durante o confronto decorrente da tentativa de arrastão no ônibus em que estava. Foto: Reprodução/Facebook

“O que fica dela é a força. Porque, apesar das dificuldades, nunca desistiu e cada vez alcançava mais”, disse Alex Rogério Sabala, 28, irmão de Larissa Morgana Ferreira, 24. A jovem foi morta num confronto entre bandidos e um policial durante assalto a um ônibus em Campo Magro, Região Metropolitana de Curitiba (RMC), na noite de sábado (23).

A família conta que sequer imaginava o quanto Larissa era querida. “Tivemos essa noção agora, nesse momento tão triste. Apesar disso, a quantidade de gente que demonstrou amar minha irmã foi algo que nos ajudou a confortar”.

De família humilde, Larissa vivia com a mãe com dois irmãos numa casa na cidade da RMC. Na noite do crime, a jovem voltava do trabalho que mantinha para ajudar a mãe a sustentar a família.

“Ela sempre deu o melhor dela para que, mesmo com dificuldades e alguns apuros, a família vivesse bem. Minha mãe vai ser a que mais vai sentir falta, pois elas eram realmente muito unidas, uma era o apoio da outra”, contou Alex.

Sem condenações

A ação que culminou com a morte de Larissa ainda está sendo investigada pela polícia, mas, segundo Alex, o que algumas testemunhas lhe contaram é que o assalto já acontecia quando um dos bandidos viu que dentro do coletivo havia um rapaz com uma camiseta da Corrida do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). “O PM, que até então estava quieto, se jogou na frente desse rapaz e levou os tiros no lugar dele, enquanto trocava tiros com os bandidos”.

Alex conta que se impressionou de ver como a irmã era querida pelas pessoas. Foto: Gerson Klaina
Alex conta que se impressionou de ver como a irmã era querida pelas pessoas. Foto: Gerson Klaina

Talvez por ter ficado em estado de choque, Larissa não conseguiu se abaixar e acabou sendo baleada – a família acredita que o tiro que a atingiu tenha partido da arma de um dos assaltantes. “Eu acredito que o disparo não veio pelo policial. E sequer o condeno, porque se fosse eu no lugar dele, teria feito a mesma coisa. Teria a mesma reação”, desabafou Alex.

Em nota, a Polícia Militar (PM) confirmou que o policial da reserva reagiu a tentativa de assalto depois que o rapaz com a camiseta da corrida foi rendido. Segundo a PM, quatro homens entraram no ônibus e um deles colocou o rapaz deitado no chão depois que viu a roupa que ele usava.

O policial, que apesar de aposentado pode andar armado e continua sendo policial, tentou abordar os assaltantes e reagiu disparando contra eles. Um dos bandidos morreu no local. Além de Larissa, outras três pessoas e o próprio policial também se feriram. O PM levou quatro tiros, dois deles no colete.

Com o homem que morreu, os policiais apreenderam um revólver de calibre 38. Conforme a PM, o caso está sendo investigado pela Delegacia de Almirante Tamandaré e o 22º Batalhão da PM vai apurar a situação, paralelamente, por meio de procedimento administrativo.

Sonhos interrompidos

Larissa era uma jovem com sonhos, conforme contou a família. “Todos os dias, ela buscava realizar um deles, por menor que fosse. Mas só de poder estar sempre à frente das dificuldades, ela era uma pessoa feliz”.

O principal dos sonhos de Larissa foi descoberto agora, com a morte dela, quando um vídeo da jovem cantando começou a circular nas redes sociais. “Ela tinha um grande sonho, de ser cantora. Na infância, participou de alguns corais e até venceu campeonatos. Era realmente muito boa”, contou Alex, emocionado.

Para ele, além de guardar consigo a força que a irmã mais nova lhe representava, esse vídeo, dela cantando, vai ser uma boa lembrança. “Sem querer, ela mesmo a fez uma homenagem. Uma grande homenagem. E acredito que isso nos basta”.

Como ajudar?

Caixa Econômica Federal
Agência: 4538
Operação: 013
Conta poupança: 3697-6
Nome: Silmara da Silva
CPF: 859.288.879-49

Ajuda financeira

O sepultamento da jovem está previsto para às 16h e a família conseguiu a doação, pela prefeitura de Campo Magro, do caixão. Além disso, com o apoio da população, o valor necessário para o sepultamento também foi arrecadado. “O que nós sabemos é que, certamente, minha mãe vai continuar precisando de ajuda. O que nós precisávamos no momento, conseguimos, mas se alguém ainda quiser ajudar, não vamos negar”.