Saneamento básico no Paraná deixa a desejar

Mais da metade (57,9%) das crianças de 0 a 6 anos de idade que moram em municípios com até 100 mil habitantes no Paraná vivem em domicílios sem acesso à rede geral de água, esgoto e coleta de lixo. A constatação está no relatório dos Indicadores Sociais Municipais do Censo Demográfico 2000, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O estudo aponta que as condições de saneamento nas cidades paranaenses com até 20 mil habitantes é pior do que a da média nacional. Em municípios com até cinco mil habitantes, a média brasileira de crianças de até seis anos que vivem sem saneamento básico é de 81,8%, contra 91,2% no Paraná. Para municípios de até dez mil habitantes, o Brasil tem uma média de 81%, enquanto o Paraná tem 88,4%.

A pesquisa do IBGE também indica insignificantes melhorias nas condições de saneamento nas menores cidades do Estado nos últimos dez anos. Enquanto no Rio de Janeiro os municípios de até cinco mil habitantes sem saneamento básico caíram de 99,7% para 21,5%, no Paraná a queda foi de apenas 6,9%, caindo de 98,1% para 91,2%.

Números gerais

De acordo com o estudo, nos municípios com até cinco mil habitantes, metade dos responsáveis pelos domicílios tem rendimento mensal de até R$ 200 e 3,7 anos de estudo e apenas 21,7 % das residências têm saneamento adequado. Já nos municípios com mais de 500 mil habitantes, metade dos responsáveis ganha até R$ 540, com 7,6 anos de estudo e 79,7% dos domicílios têm saneamento adequado. O IBGE concluiu que o tamanho dos municípios tem relação direta com a melhoria de todos os indicadores básicos.

No período de 1991 a 2000, a proporção de domicílios considerados potencialmente mais indicados como alvo de políticas públicas passou de 27,8% para 16,7%. As maiores proporções foram verificadas no Maranhão (47,7%) e no Piauí (44,8%). Os municípios menos populosos apresentaram esse indicador bem mais elevado: 32,4% de domicílios nessas condições contra 4% de domicílios nos municípios com mais de 500 mil habitantes.

Sem o cônjuge

O IBGE revelou que a proporção de crianças de zero a seis anos que vivem com o responsável sem cônjuge aumentou de 11,2%, em 1991, para 16%, em 2000, somando neste último ano um total de 3,6 milhões menores. Em todo o País, 1,8 milhão de crianças moram só com as responsáveis mulheres, sem cônjuge, que têm rendimento mensal de até dois salários mínimos.

Em 2000, metade dos responsáveis pelos domicílios tinham um rendimento de até R$ 350. A diferença de rendimentos dependendo do sexo do responsável pelo domicílio é expressiva: 50% dos responsáveis homens recebem até R$ 400, contra metade das mulheres, que ganham até R$ 276.

Taxa de analfabetismo

A taxa de analfabetismo entre as crianças de 10 anos chamou atenção pela sua redução no período. Entre 1991 e 2000, a proporção de crianças de 10 anos analfabetas caiu de 21,6% para 11,4%. O estudo do IBGE observou, ainda, atraso no ingresso no ensino fundamental de 383.269 mil jovens.

Para essa idade, a taxa nos municípios com até cinco mil habitantes iguala-se à taxa nacional, subindo para 14,9% naqueles com cinco a 10 mil habitantes, e ultrapassando 18% nos que tem de 10 a 50 mil habitantes.

Nos municípios com mais de 100 mil habitantes, essas taxas caem praticamente pela metade. Entre 1991 e 2000, houve uma melhora de quase um ano na média de anos de estudo dos responsáveis pelos domicílios no País, passando de 4,7 para 5,7 anos de estudo.

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