Requião não admite volta dos bingos no Paraná

O governador Roberto Requião (PMDB) disse ontem que não há mais o que discutir sobre o funcionamento dos bingos no Estado. “O bingo é um instrumento de lavagem de dinheiro em Curitiba, no Paraná, no Brasil e no mundo. O caça-níquel é uma forma de roubar o dinheiro das pessoas pobres. Não há suporte legal para o funcionamento desses jogos. Isso não se discute mais no Paraná, porque aqui o jogo acabou. E espero que acabe no Brasil”, declarou.

Requião não quis responder ao ex-secretário de governo José Cid Campêlo Filho, que acusou os secretários da Casa Civil, Caíto Quintana, e de Habitação, Luiz Claudio Romanelli, de terem pedido apoio de funcionários e donos de bingos na campanha eleitoral do ano passado. “O Cid Campêlo é uma pessoa que não deve ser levada em consideração. Ele era dono de bingo, conforme demonstrou o Ministério Público”, resumiu.

O ex-secretário foi denunciado pelo Ministério Público Estadual por prevaricação porque, no exercício do cargo, assinou uma resolução que regulamentava o jogo do bingo no Paraná. De acordo com o Ministério Público, Campêllo Filho agiu em interesse próprio, já que seria proprietário de dois bingos em Curitiba.

Questionado sobre supostas declarações de um proprietário de bingo de Curitiba de que teria feito doações à sua campanha a governador, no ano passado, Requião foi categórico: “Pode ter ido apoio para qualquer campanha, menos para a minha. A minha posição em relação ao jogo é sustentada por um projeto de lei elaborado quando eu era senador. Só um tolo ou um bobo tentaria financiar a campanha de um político com uma posição clara e definitiva contra o jogo”, afirmou.

Quando exercia seu mandato no Senado, Requião apresentou um projeto de lei propondo o fim da exploração do jogo do bingo e das máquinas de caça-níqueis no País. Durante a campanha eleitoral do ano passado, Requião reafirmou em inúmeros momentos sua posição contra esta modalidade de jogos e repetia que esperava a aprovação do seu projeto para acabar com os jogos no Brasil. O projeto de Requião foi apresentado quando eclodiram as denúncias sobre a relação entre as casas de bingo e a lavagem de dinheiro no País.

Governador recebe embaixadora dos EUA

A posição do governo em relação à soja transgênica foi um dos assuntos discutidos entre o governador Roberto Requião e a embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Donna Hrinak. Requião salientou que, apesar da decisão judicial que libera o plantio e venda do produto, o Paraná continuará mantendo a sua proibição e fiscalização. “É uma questão de nicho de mercado. A China e o Japão, por exemplo, só importam a soja sem modificação genética e nós continuaremos mantendo o padrão de qualidade livre da transgenia”, declarou o governador.

O governador também falou à embaixadora que estuda a compra da Usina Elétrica a Gás (UEG) Araucária. A usina foi construída numa associação entre a empresa norte-americana El Paso (60%), Copel (20%) e a Petrobrás (20%) a um custo de mais US$ 300 milhões, e aproveitaria o gás vindo da Bolívia para a produção de 480 MW/hora de energia, o suficiente para abastecer toda Curitiba. “Além do problema de contrato, esta usina é incompatível quanto a ciclagem e quanto ao gás que consome”, salientou o governador à embaixadora.

A usina deveria ter entrado em funcionamento em setembro do ano passado mas se encontra parada por falta de equipamentos compatíveis. “A UEG seria fantástica na Arábia Saudita, mas está num ambiente rigorosamente inadequado aqui no Paraná”, disse Requião. Isso porque – explicou o governador – os americanos descobriram que a usina funciona com gás de petróleo, mas não com gás de petróleo da Bolívia. “Se esta usina fosse usada, numa crise, para atender a demanda do sistema brasileiro ela poderia explodir como uma bomba, derrubando como um castelo de cartas o sistema nacional”.

O governador comentou também sobre a viagem que fará ao Texas, no próximo dia 18 (segunda-feira), em companhia da ministra de Minas e Energia, Dilma Roussef, do diretor-presidente de Itaipu, Jorge Samek e de uma equipe de técnicos da Copel, para conhecer o sistema de gestão pública de energia no Estado norte-americano.

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