Reconhecimento legal da prostituição ajudou a estabilizar índice de aids

Rio de Janeiro – O reconhecimento legal dos profissionais de sexo e o desenvolvimento de políticas de prevenção às doenças sexualmente transmissíveis (DST) foram fundamentais para a estabilização do número de infectados pelo vírus da aids no Brasil. A avaliação foi feita hoje (12) pela diretora do Programa Nacional de DST e Aids, do Ministério da Saúde, Mariângela Simão.

Segundo ela, uma estimativa do Banco Mundial apontava que até 2000 haveria 1,2 milhão de pessoas infectadas no país. Dados do Ministério revelam, no entanto, que esse índice se estabilizou, girando em torno de 600 mil portadores do vírus da aids em 2005. ?Conseguimos manter a epidemia estabilizada, ao contrário de países da África, por exemplo, em que ela é generalizada?, afirmou Mariângela, que participou hoje (12), no Rio de Janeiro, de um encontro promovido pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV e Aids (Unaids) em parceria com o Ministério da Saúde. Até sexta-feira, representantes de governos e de organizações da sociedade civil de 70 países vão discutir sobre a relação entre sexo comercial e a epidemia de aids.

De acordo com Mariângela Simão, apesar dos bons resultados obtidos pelo Brasil, ainda há desafios importantes a serem enfrentados, como a discriminação social que os profissionais do sexo sofrem, apesar de já terem sido reconhecidos oficialmente na Classificação Brasileira de Ocupações, do Ministério do Trabalho.

?A discriminação aumenta a vulnerabilidade desse grupo à infecção. A relação entre aids e sexo comercial é muito estreita. Já demos um grande passo, porque aqui a prostituição não é crime. Uma prostituta ou um profissional do sexo masculino pode se aposentar, recolher INSS?, explicou. ?Essa população não é invisível nem para nós, no dia-a-dia, nem pode ser para as estatísticas oficiais?, acrescentou.

Para Gabriela Leite, diretora da organização não governamental (ONG) Da Vida, que trabalha com prostitutas no Rio de Janeiro e também participou do encontro, a política de prevenção à aids é dificultada, em todo o mundo, pelo conservadorismo.

?Essa é uma questão delicada, porque há muito conservadorismo sobre como fazer prevenção de Aids. É preciso construir políticas mais éticas e humanas, que levem em conta os direitos humanos e disseminem o uso do preservativo em todas as relações sexuais?, defendeu.

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