Real forte ajuda a conter inflação, conclui estudo

A inflação brasileira está em níveis baixíssimos e o câmbio fraco tem sido determinante para isso. Pela primeira vez desde o início da estabilização monetária – em 1994, com o Plano Real -, a taxa mensal ficou abaixo de 0,5% por 12 meses consecutivos, até janeiro. Cálculo do Instituto de Economia (IE) da UFRJ mostra que, não fosse a valorização do real em 2006, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do ano, que foi de 3,4%, teria ficado entre 4,4% a 5%.

A estimativa foi feita pelo responsável pela inflação no Grupo de Conjuntura do IE/UFRJ, Carlos Thadeu de Freitas Filho. Ele explica que apenas a valorização do real nas últimas semanas – ontem, o dólar chegou a R$ 2,077, valor mais baixa desde 10 de maio de 2006, quando foi de R$ 2,06 – já foi suficiente para motivar revisões da inflação prevista para o ano. A projeção de inflação do grupo foi rebaixada de 3,8% para 3,65% este ano, informa Freitas Filho.

Para o economista da MB Associados, Sérgio Valle, o recuo do dólar dos R$ 2,15 do fim do ano para o nível atual de R$ 2,10 vai perdurar por algum tempo. ?A gente acredita que o câmbio vai continuar sendo importante em termos de inflação, mas o efeito não vai ser tão grande como nos anos anteriores, quando houve uma apreciação cambial muito forte.? A consultoria também reviu a previsão de IPCA de 4,1% para 3,8% em 2007.

?O câmbio nos últimos dois anos foi muito importante para manter a inflação baixa?, diz Valle. Os efeitos se dão de várias formas sobre os preços internos. Com o dólar fraco, o valor em real dos produtos importados diminui, assim como o custo de matérias-primas compradas em outros países, o que dá margem para baratear produtos fabricados no País. Ajuda, também, a compensar eventuais elevações de preços em dólar de commodities (cotados internacionalmente), como os produtos agrícolas.

Além disso, ao reduzir a competitividade das exportações de alguns setores, o câmbio fraco acaba permitindo a destinação ao mercado interno de mercadorias que seriam exportadas, pressionando os preços domésticos para baixo. Valle afirma que o dólar gera, ainda, efeito indireto sobre os preços no atacado calculados pelos Índices Gerais de Preços (IGPs) da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Estes indicadores são usados para corrigir serviços, como energia e aluguéis.

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