Rádios comunitárias criticam Anatel por repressão e por não liberar concessões

Cerca de 15 mil estações de rádio operam ilegalmente no país. Mas simplesmente porque não conseguem a concessão do governo federal, critica Tião Santos, coordenador da Rede Viva Rio de Radiodifusão, entidade que congrega 300 rádios comunitárias. Tião criticou o aumento da repressão da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) às emissoras que não têm autorização para funcionar.

Ele acredita que o aumento da repressão se deve à reclamação de rádios comerciais legalizadas, que estariam vendo sua audiência ser reduzida por conta da atuação de rádios comunitárias.

"Há uma intensificação dos trabalhos da Polícia Federal e da Anatel sobre essas rádios, porque elas estão cada vez mais conquistando a audiência dos ouvintes das comunidades, em função do que elas fazem: serviço à comunidade, resgate da cultura, integração das ações sociais. E isso incomoda o setor de radiodifusão comercial", disse Santos.

Sobre a interferência na comunicação aeronáutica, Tião Santos explicou que isso não é apenas um risco provocado pelas rádios clandestinas, mas também pelas rádios comerciais legalizadas.

"Todo tipo de telecomunicação pode causar interferência uma na outra. Canso de receber interferência no meu telefone celular. Mas essas interferências são provocadas principalmente pelas rádios comerciais, porque têm uma potência muito maior do que as comunitárias", afirmou. "É muito difícil aceitar que uma rádio comunitária de 25 ou 50 watts possa interferir mais do que uma rádio comercial, que tem mais de 50 mil watts."

Além disso, Santos acredita que os riscos de acidente aeronáuticos causados por uma possível interferência de rádio são mínimos. "Uma empresa de aviação e o próprio centro de controle de tráfego aéreo têm sistemas de proteção contra isso. Tanto é que um avião tem cerca de 120 canais para falar com a torre. Se um estiver dando algum tipo de interferência, ele vai usar outro canal", contou o coordenador da rede de rádios.

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