Programa grátis, em Curitiba, ajuda fumante a largar o vício

A Unidade de Saúde Vila Hauer oferece, desde janeiro deste ano, tratamento médico para fumantes interessados em livrar-se do vício. Em cinco meses, 60 pessoas procuraram o tratamento. O serviço foi implantado a partir dos bons resultados obtidos na Unidade de Saúde Ouvidor Pardinho, pioneira na cidade neste tipo de atendimento.

O combate ao tabagismo vem ganhando força em Curitiba. Na gestão Beto Richa, foram ampliadas as campanhas de sensibilização junto à população em geral e aos próprios servidores municipais. Cresceu também o número de espaços públicos considerados como ambientes livres do cigarro.

A expectativa é que o número de atendimentos na Unidade de Saúde Vila Hauer aumente gradativamente, à medida que a comunidade fique sabendo da existência do serviço. Foi o que ocorreu na US Ouvidor Pardinho, onde há três anos começou o atendimento específico a fumantes, com medicamentos, orientação, acompanhamento médico e abordagem intensiva em ambulatório.

Desde então, 1.500 pessoas procuraram a unidade e cerca de 600 fizeram o tratamento, com um índice de recuperação de 40%. "A sociedade precisa se habituar a ter uma vida mais saudável. Parar de fumar é cessar uma rede de doenças, o que significa uma vida prolongada e mais saudável", afirma o pneumologista Paulo Sandoval, da Unidade de Saúde Ouvidor Pardinho.

Uma das pontas do programa é a formação de grupos de tabagistas que se reúnem para trocar experiências, compartilhar conquistas e reunir forças para vencer o vício. Os grupos são acompanhados por médicos, orientadores, psicólogos e profissionais capacitados a ajudar quem quer largar o cigarro.As secretarias municipais da Saúde e de Recursos Humanos promoveram nesta terça-feira (31), no Edifício Delta, Alto da Glória, uma série de atividades para marcar o Dia Mundial Sem Tabaco. No hall do prédio, foi montada uma exposição com cartazes confeccionados por alunos dos CMEIs municipais. Nos desenhos, as crianças condenam o consumo de cigarro e mostram hábitos saudáveis de vida.

Além da exposição de cartazes, foram feitas avaliações de saúde no andar térreo do prédio, para funcionários e visitantes, incluindo testes com monoxímetro, aparelho que faz a medição pulmonar de monóxido de carbono. As pessoas também receberam orientações nutricionais e avaliaram seu IMC – Índice de Massa Corporal. Pelo Edifício Delta, circulam por dia aproximadamente 2,5 mil pessoas.

O servidor municipal Alvaro Cézar, 37 anos, passou pelo teste do monoxímetro e saiu com avaliação de fumante pesado. "Fumo desde os 17 anos, mas não chego a consumir uma carteira por dia", contou. "O problema é que exagero nos finais de semana. Além dos testes, os fumantes recebiam informações sobre os grupos de controle de tabagismo que se reúnem periodicamente na Unidade de Saúde Ouvidor Pardinho.

"Parei de fumar por 18 anos e voltei há um ano e meio por causa de estresse", disse o servidor municipal Francisco Taborda Ribas Neto. "Agora decidi parar de novo, por isso já procurei ajuda e estou fazendo até acupuntura", acrescentou. Fumantes e não fumantes que passaram pelo Edifício Delta ainda receberam orientações sobre os programas da Secretaria Municipal da Saúde para hipertensos e diabéticos.

A psicóloga Márcia Biscaia Virtuoso, da Secretaria Municipal de Recursos Humanos, disse que os programas da Prefeitura têm como alvo a prevenção, a sensibilização da população para o mal que o cigarro faz à saúde, "e não simplesmente o combate ao fumo". Segundo Márcia, além dos agravos à saúde, que podem levar à morte prematura, o fumo diminui a produtividade e aparece entre as causas de afastamento do trabalho.

Em Curitiba, as ações de controle do tabagismo tiveram início em 1999, com uma pesquisa sobre a prevalência do cigarro no serviço público municipal. De 2000 para cá, o programa foi implantado em secretarias, no prédio central da Prefeitura, em todos os serviços de saúde, nas escolas e creches municipais. Só no prédio central da Secretaria Municipal da Saúde, a prevalência do cigarro caiu 9,6% entre 2000 e 2001.

O programa de controle do tabagismo prevê a capacitação de profissionais, distribuição de material educativo e, dependendo do local, a destinação de espaços próprios para fumantes, os "fumódromos". "Os profissionais capacitados são treinados para abordar fumantes e não fumantes, criando multiplicadores das ações", explicou o coordenador do programa, João Alberto Lopes Rodrigues.

A meta do programa é monitorar a prevalência do tabaco nos locais certificados como Ambiente Livre de Cigarro e estimular os fumantes que desejam largar o vício a abandonar definitivamente o fumo. Estatísticas mundiais mostram que 80% dos fumantes querem deixar o cigarro, mas apenas 3%, por ano, conseguem realmente deixar o vício de lado.

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