Programa de Lula na TV muda tom e rebate acusação

Pela primeira vez na campanha deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição, abandonou o estilo "Lulinha Paz e Amor" e atacou o tucano Geraldo Alckmin, segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto para o Palácio do Planalto. No horário eleitoral exibido ontem à noite, o petista classificou como "demagógica" a atitude do tucano, que, em programa exibido no mesmo dia, expôs imagens de Alckmin conversando com motoristas que enfrentam a BR-316, que liga o Maranhão ao Pará. Os coordenadores da campanha tucana teriam fretado avião e helicóptero para que Alckmin alcançasse uma equipe da Rede Globo que fazia uma reportagem sobre a situação da estrada

Um apresentador da campanha tucana abriu o programa de ontem à noite com críticas pesadas a Lula e apresentou imagens de rodovias em mau estado de conservação em Minas Gerais, Paraná e outras unidades da Federação. "E que o fez o governo Lula nestes quatro anos? Às vésperas das eleições, anunciou uma operação tapa-buracos, tudo às pressas, sem planejamento", disse o locutor. O candidato prometeu recuperar a malha rodoviária do País

A resposta de Lula foi dada durante o horário eleitoral. Segundo a campanha, a reforma da BR-316 já foi licitada e outros 9 mil quilômetros de rodovias foram ou estão sendo reconstruídas pelo governo federal. Além de prestar esclarecimentos, os coordenadores da campanha de Lula partiram para o ataque e afirmaram que o setor foi abandonado durante os oito anos da administração de Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 2002. Esta foi a primeira vez que Lula rebateu uma acusação feita por adversários durante a disputa pela Presidência da República

Na seqüência, a apresentadora do programa de Lula afirmou que, em seu governo no Estado de São Paulo, Alckmin privatizou as rodovias paulistas, que, atualmente, cobram altos pedágios. "Esta atitude do candidato é a prova que a demagogia é uma praga difícil de ser eliminada da política brasileira", disse a apresentadora. "Política se faz com seriedade, não com demagogia", concluiu. Antes do ataque a Alckmin, que só foi apresentado nos minutos finais, a propaganda petista repetiu a relação de obras que o presidente coordenou em seu mandato, com ênfase para a infra-estrutura.

Tapa-buraco

As péssimas condições das estradas levaram o governo federal a iniciar no começo do ano a operação "tapa-buraco", que inclui serviços para tapar buracos e intervenções como recomposição de pequenos trechos contínuos, recapeamento, restauração de pavimento e da sinalização horizontal, além da recuperação de pontes. Especialistas questionaram a eficácia da operação, já que o início dos trabalhos coincidia com o período de chuvas. Para os partidos de oposição, a recuperação é eleitoreira.

O governo anunciou gastos de R$ 400 milhões na operação. A intenção é recuperar 2.441 quilômetros de estradas federais e estaduais em 25 Estados. Na semana passada, o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, e o diretor-geral do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT), Mauro Barbosa da Silva, asseguraram que não será preciso fazer uma nova operação em 2007. "Com as intervenções que faremos onde for necessário e as obras de conservação, não precisaremos desencadear um programa emergencial nas proporções do que foi

executado neste ano", disse o ministro. (Colaborou Leonardo Goy)

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