Produsa apóia grupo de produtores com equipamentos

O Grupo da Uva, como é chamada a associação de 20 produtores da região de Mandirituba, recebeu no começo deste ano da Secretaria Estadual do Trabalho Emprego e Promoção Social, pelo programa Produsa, os equipamentos para a produção de vinho artesanal. A Associação Brasileira de Apoio à Infância (Abai) foi a proponente do projeto desses agricultores.

O grupo começou a reunir os primeiros agricultores em 2001, organizados por Nesclar Restanho, que apreciava a produção de vinho e incentivava famílias da região a parar de produzir fumo, principal atividade econômica da região.

O Produsa é um programa do governo estadual que cede equipamentos em comodato por dez anos para cada grupo beneficiário. Depois desse tempo, os equipamentos passam a pertencer aos grupos, que nesse período já deve estar se desenvolvendo por conta própria.

O secretário do Trabalho, Emprego e Promoção Social, padre Roque Zimmermann, lembra que a verba destinada para o programa em 2004, R$ 800 mil, atendeu 112 projetos e afirma que "todo o dinheiro do ano foi muito bem aplicado em projetos que estão se desenvolvendo e melhorando a vida de diversos pequenos produtores", referindo-se a agricultores como os do Grupo da Uva. "O sucesso desse e de outros projetos apoiados pelo Produsa é que alavanca recursos para desenvolvimento de mais projetos para este ano", diz ainda o secretário. O orçamento para 2005 ainda está sendo negociado.

No Grupo da Uva, a safra de 2004 rendeu 2.500 litros de vinho. De toda a produção de uvas, 4% é utilizada para fazer suco concentrado. "Com os equipamentos adquiridos, temos a capacidade para moagem de 4.500 litros/hora", afirma Nesclar Restanho Júnior, um dos produtores de Mandirituba.

Fundação do Grupo

Os produtores da região da Lagoa dos Ferreiras, no município de Mandirituba, começaram a plantar uva incentivados pelo agricultor Nesclar Restanho, que não só gostava dessa cultura mas também condenava a produção de fumo como economia das famílias das redondezas. "Esse veneno mata, olha essas crianças se contaminando com isso. Famílias inteiras ficam expostas a essa contaminação", repetem os agricultores que ouviram Nesclar protestando contra a produção de fumo.

Nesclar morreu há 6 meses e quem dá continuidade ao projeto é o filho, Nesclar Restanho Júnior, responsável pelo processo de produção do vinho artesanal do Grupo da Uva. "Esse propósito do Produsa, solidário e cooperativo, existe com muita força na nossa comunidade. Somos como uma grande família em que todos se ajudam e não se vêem como inimigos", anima-se Nesclar Jr., numa reunião com os agricultores.

Nesclar Jr. passou oito anos na Argentina lidando com a produção de vinho. Ele é formado em Agronomia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e fez especialização em Fermentação na Embrapa.

Ele diz que está sempre pensando em melhorar a qualidade do vinho que produz. Cria técnicas de aperfeiçoamento dos equipamentos e os adapta para essa produção. "Por exemplo, eu sei o que um equipamento precisa para ser mais eficiente, então o que eu faço é adaptar ele para que fique compatível com essa necessidade. É assim que atingimos uma maior qualidade no nosso produto", explica Nesclar. "Quando temos recursos, nossa mente se acomoda. Quando não temos, tentamos sempre descobrir novas técnicas e métodos de melhorar o que temos em mãos para produzir", completa.

Além da produção de vinho do Grupo da Uva, Nesclar produz, em 2 hectares da sua propriedade, produtos que serão transformados e vendidos para a vizinhança. "Nenhum produto sai aqui da chácara sem ser processado ou transformado. Cada 1,00 de produto in natura transformado ele chega a valer 3,00", explica.

Com o slogan "Produto Artesanal. Produto Social" a produção vai de temperos completo, molho de pimenta, pepinos em conserva, molho de tomate a figo em conserva, geléias e sucos concentrados. São 75 tipos diferentes de produtos preparados artesanalmente pela própria família. 

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