Português dará R$ 200 mil por dados sobre peças de MG

Um empresário português decidiu oferecer R$ 200 mil por "informações concretas" sobre o paradeiro de 17 peças furtadas da matriz de Nossa Senhora do Pilar em Ouro Preto, Minas Gerais, em setembro de 1973. O roubo é considerado o maior do acervo sacro da história do País. A oferta foi anunciada há dez dias, durante a entrega das obras de restauração dos sinos da igreja de São Francisco de Assis, financiadas pelo produtor de vinhos da Ilha da Madeira, comendador José Berardo.

Colecionador e apaixonado por artes sacras, o português contou que ficou sabendo da história do roubo por um guia turístico durante uma visita à matriz em abril, na primeira vez em que esteve na cidade. O anúncio da recompensa animou autoridades de Ouro Preto, que ainda confiam no reaparecimento dos objetos.

"Muitas pessoas dizem que as peças foram roubadas para serem fundidas. Nunca! Havia outras peças mais valiosas que não foram levadas. Foi um roubo programado, estudado, pensado", afirma o pároco da matriz, José Feliciano da Costa Simões. As peças do conjunto furtado faziam parte do cortejo do Triunfo Eucarístico, celebração popular que marcou a transferência do santíssimo sacramento da Igreja de Nossa Senhora do Rosário para a matriz do Pilar, em 1733.

"Essas peças representavam um momento precioso da nossa história", disse padre Simões. "Quem roubou, sabia o que queria. O grande valor desses objetos é artístico e histórico", reforçou Carlos José Aparecido de Oliveira, superintendente do Museu de Arte Sacra de Ouro Preto.

Conforme as primeiras investigações policiais, os ladrões se esconderam na matriz no horário de visitas e praticaram o furto durante a madrugada. "Fizeram a festa e ficou por isso mesmo", lamenta Oliveira. O prefeito de Ouro Preto, Angelo Oswaldo, lembra que na época o governo militar impôs restrições à divulgação do fato. "Impediram que saíssem notícias sobre isso", disse. "Não se podia falar nada", recorda padre Simões. O pároco atualmente com 75 anos, chegou a ficar preso durante três dias como suspeito do crime. "Acharam que eu era o autor intelectual." O inquérito foi reaberto em outras oportunidades, mas a investigação não avançou. Conforme padre Simões, quem tiver alguma informação sobre as peças deve ligar para a Polícia Militar de Ouro Preto, com garantia de sigilo do nome.

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