Terceiro mandato é “legal e constitucional”, diz José Dirceu

O ex-ministro da Casa Civil e deputado cassado José Dirceu (PT) afirmou neste domingo (2) que a idéia de conceder um terceiro mandato ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva é legal e constitucional, assim como foi a reeleição do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso. Apesar de sugerir que o presidente Lula poderia permanecer no poder se quisesse de fato conduzir um processo neste sentido, Dirceu argumentou que o PT nunca reivindicou mais quatro anos de governo e nem é favorável à idéia de ter um presidente reeleito três vezes.

"Esse negócio de terceiro mandato é uma conversa pra boi dormir. Terceiro mandato é legal e constitucional. Ou a reeleição do Fernando Henrique não foi legal e constitucional?", questionou Dirceu, ao participar neste domingo, na capital paulista, da eleição para a presidência do seu partido. Ainda sobre a polêmica em torno do terceiro mandato, ele frisou: "É que nós não queremos no Brasil um presidente reeleito três vezes. Não vai da nossa cultura, da nossa tradição.

Dirceu, que depositou seu voto em favor da reeleição do atual presidente nacional da legenda, deputado Ricardo Berzoini (SP), classificou como "bobagem" a idéia de pôr fim à reeleição no Brasil. Apesar de o presidente Lula ser um dos principais defensores da idéia, o ex-ministro disse que isso apenas alimentaria os ataques da oposição de que o PT estaria buscando uma alteração na constituição apenas para manter o presidente no poder.

Para o deputado cassado, "se tem uma coisa que deu certo no Brasil é a reeleição". E continuou: "O que não deu certo é financiamento privado, voto uninominal, fidelidade partidária, coligação proporcional e cláusula de barreira." Ele defendeu que qualquer mudança na Constituição deva ser feita com o objetivo de realizar as reformas necessárias ao País, como a política.

Pesquisa

Dirceu também comentou a pesquisa Datafolha divulgada neste domingo que, entre outros dados, apontou o favoritismo do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), para a sucessão presidencial de 2010. De acordo com ele, é muito cedo para discutir 2010 e o PT tem tempo suficiente até lá para apresentar um nome capaz de brigar pela vaga. Ainda assim, não descartou a possibilidade de a coalizão que hoje apóia Lula se unir em torno da candidatura do ex-ministro e deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE).

Segundo Dirceu, para ser candidato à sucessão presidencial, não basta ter vontade, é preciso angariar votos suficientes e ganhar o apoio de Lula que, segundo ele, será o principal eleitor do País em 2010. O deputado cassado avaliou também que a ministra do Turismo, Marta Suplicy, aparece hoje como uma das favoritas na legenda para encarar a disputa presidencial de 2010. "Ela tem voto no Brasil.

Apesar de citar o nome de Marta, Dirceu falou também de outros dois nomes que despontam nessa corrida: o da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, e do governador da Bahia, Jaques Wagner. E destacou que o importante é que PT e PMDB estejam juntos para garantir maioria parlamentar ao governo. "Somos capazes de apresentar ao País um candidato ou candidata à Presidência, pode ser alguém do PT, mas isso é o tempo quem vai dizer.

O ex-ministro voltou a defender a permanência do deputado Berzoini no comando da legenda por mais dois anos. Ele disse respeitar profundamente os demais candidatos, porém, insistiu que do ponto de vista programático, o atual presidente da legenda desponta como melhor alternativa para o PT.

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