Serra tomará medidas judiciais contra quebra de sigilo

O candidato do PSDB à sucessão presidencial, José Serra, disse hoje que tomará providências judiciais para esclarecer a quebra do sigilo fiscal de sua filha Verônica. “As providências são jurídicas, porque não fazemos ‘contra-baixaria'”. “Os advogados do partido e pessoais vão cuidar disso”, afirmou, após encontro com sindicalistas na capital paulista.

O tucano culpa o PT e a campanha de sua adversária Dilma Rousseff pelo vazamento. “São dois crimes: o crime contra a constituição, que é quebrar o sigilo, e o crime de falsidade, por forjar documentos”.

Segundo a Receita Federal, os dados de Verônica teriam sido acessados por pedido dela, por meio de uma procuração dada a Antonio Atella Ferreira. A filha do presidenciável, no entanto, não tem firma registrada no cartório em que o documento foi emitido. Questionado se conhece Ferreira, Serra demonstrou irritação e respondeu apenas que já estava “provado” que a procuração era falsa. “Vocês já têm o desmentido, já sabem disso, não vou comentar”, afirmou.

Serra voltou a comparar sua situação com a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, quando candidato em 1989, foi alvo de acusações pessoais por parte do então adversário Fernando Collor de Mello. O ex-presidente levou para a televisão o depoimento de uma filha de Lula. “A candidatura de Dilma está querendo fazer comigo a mesma coisa que Collor fez com Lula em 1989”. “Pelo receio de que nós ganhemos a eleição, recorrem ao jogo sujo, ao jogo mais baixo”, acrescentou.

Impacto

O candidato do PSDB disse não estar preocupado com o impacto do episódio nas urnas. “Estou preocupado é com o Brasil e com esse jogo sujo utilizando o aparato da máquina do governo para fins eleitorais da pior maneira”. O tucano reforçou a defesa da filha. “Verônica é uma mulher com três filhos pequenos, cuida deles e trabalha, ela nunca teve nada com política, nunca teve nenhuma relação com o governo”, disse o candidato.

Serra reuniu-se na tarde de hoje com representantes de quatro centrais sindicais: a União Geral dos Trabalhadores (UGT), a Força Sindical, a Nova Central e a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

O evento reuniu 300 pessoas em um salão do Clube Homs, na Avenida Paulista, região central da capital paulista. Os sindicalistas anunciaram a criação de um Comitê Supra Sindical de apoio a Serra. Nos discursos, os dirigentes lembraram o trabalho de Serra como parlamentar na criação do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e do seguro-desemprego. Serra e o candidato ao governo do PSDB ao governo paulista, Geraldo Alckmin, esforçaram-se para dar um tom otimista ao ato.

Ao microfone, Alckmin disse que “a campanha está apenas começando” e garantiu, aos brados: “Vamos ganhar as eleições”. Serra pediu aos sindicalistas que não só votem nele para presidente, mas também multipliquem o voto, divulgando a sua candidatura. “Eleição se ganha pedindo voto, soprando para que formemos uma ventania que leve a nossa candidatura ao posto da vitória”. “Vamos ganhar, vamos ganhar!”, repetiu.