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Áudio: Richa chama propina de ‘tico-tico’ em conversa apresentada como prova de corrupção

Arquivo / Gazeta do Povo

A decisão do juiz Fernando Bardelli Silva Fischer, da 13ª Vara Criminal de Curitiba, que culminou com a prisão do ex-governador Beto Richa (PSDB), nesta terça-feira (12), continha uma série de provas e elementos que comprovariam o envolvimento do político e mais 14 pessoas num complexo esquema de corrupção. Um dos áudios anexados no processo – obtido pela Gazeta do Povo – mostra uma conversa entre Richa e seu amigo Tony Garcia que levantou suspeitas por parte do Ministério Público do Paraná.

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A conversa foi entregue por Garcia após fechar acordo de delação premiada. Nela, ele conversa com o então governador Beto Richa e segundo os promotores a conversa faz menção ao atraso da propina que deveria ter sido paga por Celso Frare, um dos representantes da empresa Ouro Verde. Segundo as denúncias, a empresa foi uma das beneficiadas pelo esquema de corrupção.

Ouça a conversa:

Leia a transcrição abaixo:

Tony: Você tem falado com o CELSO FRARE? 

Beto: Falei. 

Tony: Quando? 

Beto: Falei, anteontem. 

Tony: Aonde? 

Beto: No almoço na casa dos (…) Mas assim, de receber, falar sozinho, não. 

Tony: Ele não acertou o negócio aí. 

Beto: Ahn? 

Tony: Ele não acertou o negócio aí. 

Beto: Ah! Ele me agradeceu, “já entrou um tico-tico lá que tava atrasado, obrigado”. 

Tony: Isso. 

Beto: Ele sabe que tá difícil sair, já pagaram uma parte… Bão… 

Tony: Isso… Só que ele não pagou a parte que tem que pagar. 

Beto: Se bobear, se não for pra cima, nós não… 

Tony: Isso. 

Beto: É você que ficou encarregado? 

Tony: É eu que fiquei. 

Beto: Então vai pra cima! 

Tony: Vou pra cima, vou falar pra ele… 

Beto: Eu não vou cobrar ele. 

Tony: Não, você não pode! Nem você nem o PEPE. 

Beto: Não sei de nada. 

Tony: Deixa, você tem que ficar quieto. Fica na tua. Eu vou lá falar com ele. Outro que tô pegando firma, que é o mais que mais tá recebendo e não ta acertando, é o Casagrande. Já peguei ele também. E agora pedi pro Ezequias me ajudar!

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Segundo o despacho que determinou a prisão dos envolvidos, Tony Garcia recebia a propina e utilizava todo o staff do governador, formado por seu irmão Pepe Richa, Luiz Abi Antoun (primo), Ezequias Moreira (ex-secretario de cerimonial) e Deonilson Roldo (ex-chefe de gabinete), para que o dinheiro chegasse a Richa. O MP afirmou que 8% era o valor da comissão do grupo sobre o faturamento bruto das empresas envolvidas e todas as decisões tinham o consentimento e aprovação de Richa.

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