Requião vai a meio mundo na batalha contra o Itaú

Durante a reunião semanal do primeiro escalão, ontem, o governador Roberto Requião (PMDB) fez um apelo à população, ao PT do Paraná e a entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) para que se aliem a ele na tentativa de convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a dispensar o estado de pagar ao Banco Itaú os títulos podres do Banestado, que foi vendido ao banco paulista em 2000.

O Banco Itaú tem um lote de ações da Copel, equivalente a 48,2% das ações ordinárias da empresa, que recebeu como garantia dos títulos públicos, quando passou a controlar o Banestado. Para resgatar as ações, o estado teria que quitar os títulos. Por decisão judicial favorável a uma ação do governo do Paraná, o Itaú está temporariamente impedido de fazer uso das ações.

"Apelo a todos os partidos políticos, em especial ao PT, que hoje é governo federal, e à sociedade civil para que se somem ao governo do Estado neste momento contra o roubo e a exploração, porque se as coisas continuarem andando como andam no Brasil, esse Brasil da impunidade, do velerioduto, dos caixas dois de campanhas ignorados pelos tribunais, quem vai acabar preso por ordem judicial é o governador por não deixar o Estado do Paraná ser roubado pelo Banco Itaú", declarou o governador.

Requião está aguardando uma resposta do presidente Lula que, ao recebê-lo em audiência na sexta-feira, dia 3, prometeu ajudar a desbloquear R$ 39 milhões em recursos federais que deixaram de ser repassados ao Paraná em decorrência do débito com os títulos. O secretário do Planejamento, Reinhold Stephanes, disse que espera obter hoje uma posição do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, encarregado por Lula de encontrar uma solução para o impasse. Ontem, Bernardo conversaria com a Secretaria do Tesouro Nacional para ver como resolver a situação do Paraná.

Na reunião de ontem, o governador pediu que entidades como a OAB e o Conselho Regional de Engenharia se manifestem sobre o impasse com o banco Itaú. "Estamos sendo submetidos pelo Banco Itaú em virtude de contratos feitos na administração que me antecedeu. Este apelo eu estendo às instituições, a OAB, ao Conselho Regional de Engenharia, enfim, que se manifeste a sociedade organizada política e institucionalmente a respeito desta questão. e as pessoas que desejam colaborar com o governo neste confronto e neste enfrentamento, devem se dirigir à Procuradoria do Estado do Paraná", convidou.

Confronto

Requião lembrou que está em meio a um confronto com o Itaú – além dos títulos, o governo também trava uma briga judicial por causa das transferências das contas da administração pública estadual para o Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal – e que não vai negociar. "Nós estamos confrontando, sim. Não há mudança sem confronto. Se não confrontarmos vamos deixando tudo como está. É a minha crítica básica ao governo federal que não confronta nada, que concorda com tudo, com medo da crítica internacional", atacou o governador. "Eu fui eleito governador do Paraná para defender os interesses do povo do Paraná e não para fazer trambique, acordos, consolidando acordos criminosos com bancos rigorosamente sem escrúpulos", emendou.

O governador disse que a política conciliatória do governo federal com os interesses financeiros está na raiz das suas críticas à política econômica do governo federal. Requião comparou a política econômica do governo Lula à condução econômica do governo Collor. Ele citou que o secretário do Tesouro Nacional, Murilo Portugal, integrava os quadros do Banco Central durante a gestão de Fernando Collor e que continua dirigindo a política econômica comandada pelo ministro Antônio Palocci.

Requião citou ainda que a ex-diretora do Banco Central pertence atualmente ao Conselho de Administração do banco Itaú. Grossi, segundo Requião, coordenou o processo de privatização do Banestado. "A conversa com Lula foi como sempre agradável, mas por parte deste pessoal que desde o governo Collor manda no Brasil, uma posição muito ruim. Eles são os representantes da banca privada. Deliberadamente, tentam sufocar o governo do Paraná", acusou.

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