Repercussão negativa

Requião proíbe homossexuais na “escolinha” de governo

O governador Roberto Requião (PMDB) disse ontem, 29, que não abrirá espaço na escola semanal de governo para os representantes das entidades que defendem homossexuais que pediram direito de resposta às suas declarações sobre o câncer de mama em homens.

“A escola é para servidores públicos. Não é circo”, disse o governador, que reclamou do caráter “fascista” dos excessos da mentalidade politicamente correta, que segundo ele, transformou uma “brincadeira” em um “incidente negativo”.

Ontem, o governo anunciou que montará um grupo de trabalho para atender as questões sociais do movimento de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT). O secretário de Assuntos Estratégicos, Nizan Pereira, reuniu-se com representantes do movimento no Paraná.

“As políticas públicas no Paraná avançaram muito nos últimos anos. A criação de um grupo de trabalho consolida o compromisso deste Governo de romper a homofobia, quebrar a invisibilidade e garantir os direitos constitucionais”, disse Nizan.

Para o governador, a repercussão do fato não se justifica. “É uma bobagem total. Uma coisa tola. Falta de humor, mas a minha intenção foi levantar um problema. Agora, conseguiram transformar a nossa campanha de câncer da mama na campanha mais comentada do país”, disse.

A escola de governo, entretanto, não será usada para debates sobre opções sexuais, disse. “É um direito de pedir, de postular, mas não vejo porque levar para a frente isto. Não tem esta importância toda. Nada de transformar a escolinha em circo de debate sobre homossexualidade”, afirmou.

Requião destacou que a Parada da Diversidade foi realizada com apoio e recursos do governo do Estado e lembrou que é presidente de honra do Grupo Dignidade, o mais antigo grupo organizado de homossexuais de Curitiba.

Ele ironizou a postura do deputado estadual José Lemos (PT) que, na sessão de anteontem, cobrou uma retratação pelos comentários feitos durante a escola de governo, em que relacionou a incidência de câncer de mama nos homens com a frequência às passeatas gays.

“Fiquei muito chateado com o que o Lemos fez aqui na Assembleia ontem. Quero pedir desculpas publicamente ao Lemos, não sabia que ele ia ficar tão ofendido. Mas ele tem que entender que eu respeito, qualquer que seja a sua posição quanto à diversidade sexual. Só recomendo que não tome hormônios femininos e que não faça implante de silicone, que isto é perigoso. Então, o Lemos que não se julgue discriminado, ele pode ter a escolha que quiser, nós vamos gostar dele do mesmo jeito”, zombou.

Requião disse que não aceita a patrulha do politicamente correto. “Que espécie de fascismo ao contrário é este? Você não pode mais fazer uma piada de judeu? O que existe de mais expressivo na cultura judaica do que o humor negro deles, a respeito deles mesmos”, emendou.

O deputado do PT disse que as declarações do governador merecem o repúdio da população. “Fez uma fala ruim antes. E repetiu agora, reforçando que é uma pessoa preconceituosa”, afirmou o petista.

O petista disse ainda que ele e a mulher, Tereza que é professora também, educam os filhos para que tenham respeito às diferenças. E que também fazem o mesmo trabalho em sala de aula. “E o governador, em alguns poucos segundos, prejudica todo um trabalho que é feito por todos os profissionais da educação”, reagiu.