Requião obtém apoio de Lula contra transgênicos

O governador Roberto Requião afirmou, na saída de um almoço realizado ontem, em Brasília, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, que eles haviam se comprometido em declarar o Paraná área livre de soja transgênica.

Requião historiou ao presidente da República e ao ministro da Casa Civil a batalha do Paraná contra a transgenia, referindo-se, inclusive, a lei estadual 14.162, de 27 de outubro de 2003, que proíbe o plantio, comercialização e exportação de produtos geneticamente modificados no Estado. “O mais importante deste encontro foi que o presidente Lula concordou em fazer do Paraná terra livre de soja transgênica.”

Segundo o governador, Lula e José Dirceu ficaram sensibilizados com as suas argumentações. Requião contou também a Lula e a José Dirceu todas as providências que o Governo do Estado tomou para que o Ministério da Agricultura reconhecesse a decisão do Paraná. Requião frisou que a atitude do Governo do Estado em relação aos transgênicos não é ideológica. “O que me move são razões práticas, pragmáticas. Defendo a economia paranaense. O Paraná terá, sem a transgenia, um nicho de mercado e poderá ganhar muito mais com isso.”

O Paraná está mantendo diálogo com a China para a compra de soja convencional. A China é uma das principais compradoras de soja do Porto de Paranaguá e dá preferência a um produto convencional. “Podemos estabelecer, a longo prazo, uma negociação maior com a China, Coréia e Japão, que exigem soja limpa. A China compra 30 milhões de toneladas de soja em grãos por ano”, explicou Eduardo Requião, superintendente do Porto de Paranaguá, lembrando que o Paraná se comprometeria, através de convênio, a embarcar para lá seis milhões de toneladas por ano. “Podemos vender mais soja para a China, desde que o produto seja de boa qualidade. Não é de bom senso pensar na soja transgênica”, explicou. Com a produção de uma soja convencional, o Paraná terá uma espécie de selo de garantia. Outra vantagem é a não necessidade de se pagar royalties à multinacional Monsanto, única detentora das sementes de soja modificada.

Reforma

O governador do Paraná, disse aos jornalistas que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que é doloroso fazer mudanças em sua equipe ministerial. Ao deixar a residência do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, na Península dos Ministros, Requião relatou que ele disse a Lula – e este concordou – que é doloroso fazer algum tipo de mudança, mas que mudanças muitas vezes são necessárias porque os interesses do País têm que estar acima de tudo.

Requião disse, também, que o presidente está trabalhando com dois cenários: fazer uma reforma política ou uma reforma político-administrativa. Segundo o governador, Lula ainda está resolvendo com qual dos dois cenários quer trabalhar. O encontro do governador com o presidente já estava marcado há mais tempo e tinha, inicialmente, como objeto o assunto transgênicos. Este tema também foi abordado.

Requião falou, à saída do encontro – para o qual foi vestido esportivamente, trajando uma camisa polo – sobre sua decisão de desprivatizar estradas e encampar pedágios. Para ele, sua atitude não vai prejudicar a entrada de investimentos no País. José Dirceu compartilhou essa mesma opinião.

Vantagens

A secretaria estadual de Agricultura e Abastecimento mostra algumas vantagens de não se cultivar organismos geneticamente modificados no Paraná. Entre os aspectos ambientais estão a não contaminação ambiental por genes modificados geneticamente, a preservação da pureza genética da biodiversidade paranaense e a garantia da sobrevivência do setor de produção de sementes no Estado pela não contaminação de OGMs, entre outras.

Outros benefícios do plantio de soja convencional é a melhor adaptabilidade dos materiais convencionais, com resposta em produtividade. Outra vantagem é o fato de ser desnecessário o uso de adubos nitrogenados, pois o nitrogênio é absorvido diretamente do solo e do ar pela inoculação de bactérias especializadas, o que evita a contaminação das águas subterrâneas e do solo.

“Os produtos geneticamente modificados não têm resistência a estresses da natureza, como os de questões hídricas e de temperatura.

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