PT aposta suas fichas na aliança com Osmar Dias

O PT está apostando todas as suas fichas eleitorais na aliança com o senador Osmar Dias, pré-candidato do PDT ao governo do Estado. Mesmo com o impasse na escolha do candidato do PSDB ao governo, a direção estadual do PT avalia que, independente da decisão dos adversários, nada vai abalar o pré-acordo com o senador, cuja posição na disputa guarda uma relação direta com as indefinições tucanas.

“Isso é um problema do PSDB. Não tem nenhum reflexo sobre nós e não tem nada a ver com a nossa construção política. É só um racha interno do PSDB”, minimizou o presidente estadual do PT, deputado estadual Enio Verri.

Para o petista, o quadro está traçado e a pré-candidata do PT à presidência da República, a ministra Dilma Rousseff, não corre o risco de ficar sem palanque no Paraná. “O PDT nacional, o PC do B, o PSC, todos já manifestaram apoio à ministra. No Paraná, ela não fica sem palanque de jeito nenhum”, reagiu Verri. Como alternativas, o PT tem também as pré-candidaturas do ex-prefeito de Londrina Nedson Michelleti e a da secretária estadual de Ciência e Tecnologia, Lygia Pupatto.

Ele não vê possibilidades de Osmar retomar as articulações com o PSDB nem tampouco admite a tese de que o pedetista desistiria da candidatura se o irmão, senador Álvaro Dias, ganhar a indicação tucana para concorrer ao governo. “O senador Osmar Dias é candidato ao governo. Nós já conversamos sobre isso. E ninguém mais discute esta questão”, afirmou o presidente do PT.

Até o final desta semana, Verri marca nova conversa com a direção do PDT e o senador para redigir um documento contendo as diretrizes de um plano de governo em comum. Na sequência, o PMDB também será chamado a debater o mesmo programa. “Nós respeitamos a candidatura do Pessuti (vice-governador e pré-candidato do PMDB ao governo), mas consideramos importante a presença deles nesta discussão”, afirmou.

Mas não é tão simples atrair o PMDB para essa composição, admite o dirigente do PT. No PMDB, além de o partido estar dividido entre a candidatura própria ao governo e uma proposta de aliança com o PSDB, perduram ainda as sequelas da eleição de 2006, em que o governador Roberto Requião foi derrotado pelo senador Osmar Dias.

“A relação entre o PT e o PMDB é histórica. Mas sabemos que não é uma coisa simples. O PMDB do Paraná tem um pré-candidato que vai ser o governador do Estado. Mas é fundamental conversarmos com o PMDB. Eles vão indicar o candidato a vice da Dilma”, observou Verri. Ele destaca que o programa comum que o PT pretende formular com o senador Osmar Dias irá reproduzir propostas que já estão sendo executadas no governo Requião. “Na nossa conversa preliminar já acertamos que a essência dessa proposta virá do programa de governo do Lula e de muitas ações que já são executadas pelo governo do Paraná”, citou.

Para Verri, DEM é um estranho no ninho

Aliado da candidatura de Osmar Dias ao governo em 2006, o DEM não é bem recebido pela direção do PT no acordo que está sendo costurado com o PDT. O presidente estadual do PT, Enio Verri, disse que não existe possibilidade de os Democratas serem admitidos na composição. “Não existe a menor possibilidade de o DEM estar numa mesma aliança que nós. Eles jamais assinariam a mesma proposta que nós defendemos. É o oposto de tudo o que eles defendem”, declarou Verri.

Todas as políticas sociais do governo Lula são combatidas pelo DEM, apontou Verri, para explicar por que não vê formas de convivência entre as duas siglas. “Nós propomos, por exemplo, apoio ao movimento social. Eles são radicalmente contra”, disse o presidente do PT. Na semana passada, o DEM expôs um racha a partir de declarações do presidente estadual do partido, deputado federal Abelardo Lupion, propondo a aliança com o PDT, ainda que tenha de dividir o palanque com o PT. A ala que advoga o apoio à pré-candidatura do prefeito Beto Richa (PSDB) reagiu, acusando Lupion de tentar impor orientação pessoal à sigla.

Osmar Dias avaliou ser perfeitamente possível conciliar PT e DEM no seu palanque, Verri discorda. “Como candidato, o senador pode dizer isso. Mas para o DEM seria uma grande contradição que poderia levá-los a perder a credibilidade que ainda resta”, afirmou, citando o escândalo envolvendo o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, que se desfiliou do DEM e está preso, acusado de tentar interferir nas investigações sobre denúncias de corrupção na sua administração.