Pressões contra e a favor marcam mínimo regional

A proposta de salário mínimo regional encaminhada à Assembléia Legislativa do Paraná pelo governador Roberto Requião está mobilizando entidades patronais e de trabalhadores. De um lado, 20 líderes de instituições ligadas à Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) se reuniram ontem com o presidente da AL, deputado Hermas Brandão (PSDB), e pediram a rejeição do projeto. De outro, o Comitê pela Aprovação do Salário Mínimo Regional definiu em sua reunião inaugural ontem que iniciará uma mobilização na próxima terça-feira, dia 18, no plenarinho da Assembléia Legislativa do Paraná, para pressionar pela agilização na votação da proposta.

Os industriais que conversaram com Brandão disseram que estão preocupados com a matéria. Segundo eles, se a proposta for aprovada, pode trazer graves conseqüências sociais para o Estado, como o aumento do desemprego e da informalidade. Eles contestam a criação do piso estadual, que irá representar um aumento de 45,6% sobre o atual mínimo nacional, cujo aumento será de cerca de 16%.

Para a federação, a melhor forma de estabelecer a remuneração para o trabalhador do setor industrial é a livre negociação através dos sindicatos de cada categoria. A entidade disse a Brandão que em maio dezenas de setores industriais têm data-base e o estabelecimento do piso regional vai criar embaraço para as negociações e dificultar os acordos.

Na segunda-feira, a Fiep irá ao plenário da Assembléia apresentar aos deputados estaduais um estudo do impacto econômico que sofrerão as empresas, caso o projeto seja aprovado. A entidade pretende mostrar também que a atual crise na agricultura e a perda de faturamento da indústria não permitem a absorção de mais um custo financeiro sobre a folha de pagamento. A Fiep é a primeira das entidades a ser consultada pela Assembléia sobre a questão do piso regional. Na terça-feira será a vez da Força Sindical expor seu ponto de vista.

Pressão

O movimento criado ontem pelo diretório do PMDB de Curitiba vai pressionar na próxima semana o Legislativo paranaense para que agilize a votação da mensagem do governador, que propõe instituir um piso regional no Estado, variando entre R$ 427 e R$ 437. "Queremos que a votação ocorra logo, para que o governador possa homologá-la no dia primeiro de maio, uma data simbólica para os trabalhadores", afirmou o presidente do PMDB de Curitiba, Doático Santos. Segundo ele, o movimento é suprapartidário, reunindo diversas entidades da sociedade civil, entre elas o Conselho Regional de Economia do Paraná (Corecon). O presidente do Corecon, Sérgio Hardy, lembrou anteontem que "em 2001, os estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul adotaram a medida e não há registro e divulgação de crescimento do desemprego e de falências".

No encontro do comitê, esteve presente o delegado regional do Trabalho, Geraldo Serathiuk, que disse concordar com o mínimo proposto por Requião. Ele explicou que poucos setores serão diretamente afetados pelo mínimo regional, uma vez que não atingem as categorias que possuem convenções trabalhistas. "Não vai haver quebradeira", afirmou. De acordo com Serathiuk, o que alguns setores temem é o impacto indireto da medida, que poderá servir de referência futura para convenções salariais. 

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