Presos mais nove envolvidos no caso Assembleia

Quinze dias depois da Operação Ectoplasma I, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) prendeu ontem mais um grupo de nove pessoas acusadas de envolvimento nas denúncias de irregularidades na Assembleia Legislativa do Paraná (AL).

Quatro foram liberadas ontem mesmo por não poderem contribuir com as investigações. Além do ex-diretor administrativo José Ary Nassif, que havia sido liberado anteontem e foi detido novamente, a Operação, denominada Ectoplasma 2, prendeu também o diretor da gráfica da AL, Luis Carlos Monteiro.

O ex-diretor geral Abib Miguel, o Bibinho, e o ex-diretor de Pessoal Claudio Marques da Silva continuam detidos no Quartel General da Polícia Militar, em Curitiba.

Três pessoas que foram presas ontem e não foram soltas (Viviane Bastos Pequeno, Derci Aparecida Schmidt e Eduardo José Gbur) também foram encaminhadas ao quartel.

Um dos nove presos ainda estava sendo ouvido ontem, e não havia previsão se ele seria liberado ou se permaneceria preso. Todas as prisões realizadas ontem são temporárias, ou seja, ocorrem para que a investigação não seja prejudicada.

Além das nove prisões de ontem, o Gaeco também cumpriu 24 mandados de busca e apreensão, sendo 21 em Curitiba e região, e três em Goiás (na fazenda de Abib Miguel) e em Faxinal, na região central do Paraná.

Desta vez, a operação alcançou as dependências da Assembleia Legislativa. Promotores e auditores do Ministério Público Estadual (MP) foram até a AL junto com o diretor da gráfica e o ex-diretor administrativo para apreensão e busca de documentos.

Em outros pontos da cidade também foram coletados papéis, computadores e suportes de informação digital. De acordo com o procurador de Justiça e coordenador do Gaeco, Leonir Batisti, os documentos apreendidos servem de complemento para a investigação. No entanto, ele afirma que já se tem certeza das fraudes em função da discrepância das datas dos diários da AL.

“Já podemos confirmar que os diários não tinham uma sequencia lógica de numeração. A data da face deles (data da impressão) não coincide com a data da publicação. Então houve o mau uso dos diários, a malícia para deixar tudo confuso, para que fosse entendido que se trata apenas de desorganização, quando já pode ser considerado uma manipulação”, afirmou o procurador.

O MPE continua em busca de outras pessoas, pois o vazamento de informações prejudicou a atuação do Gaeco. Na tarde de sexta-feira, a realização da operação foi divulgada em blogs na internet, alertando muitos dos que estavam na lista dos que poderiam ser presos.

Porém, Batisti não revelou quantas pessoas conseguiram fugir quando souberam da operação. “Muita gente saiu para jantar ontem à noite (sexta-feira) e não voltou para casa”, disse ele.

O procurador afirmou que o vazamento será investigado, mas não deu detalhes sobre o assunto. Batisti fez afirmações, ainda, sobre a importância dos presos não serem soltos.

“Continuamos com a convicção de que casos dessa natureza exigem que as pessoas permaneçam presas. São pessoas influentes, o que pode prejudicar a investigação. Se o Judiciário não tiver essa percepção realmente fica muito difícil trabalhar”, salientou.

Todos os presos são suspeitos de participar do esquema de contratação de “laranjas” como servidores comissionados da AL para desvio de dinheiro público. Até agora, as investigações do MP detectaram o desvio de cerca de R$ 20 milhões dos cofres públicos, somente numa ramificação do esquema, que teve a participação dos integrantes da família do servidor comissionado João Leal de Mattos.

Nota da Assembleia

“A Assembleia, Legislativa do Estado do Paraná lamenta a invasão das suas dependências por parte do Ministério Público. Referida medida é fruto de extremo excesso já que a Assembleia está colaborando de maneira inequívoca com todas as investigações em curso. O estado de exceção que está sendo imposto lembra os tempos anteriores à redemocratização do Brasil”.