Prefeitos são acusados de 35 crimes, diz empresário

O empresário Ênio Jorge Job apresentou ontem novas denúncias contra a administração dos prefeitos de Campina da Lagoa, Paulo Andreoli Gonçalves (PSDB), e de Roncador, Odilon Gonçalves (PSDB). Tendo em mãos pilhas de documentos, a maioria originais, Job afirma que todas as irregularidades podem ser comprovadas, e que eles cometeram pelo menos 35 qualidades de crimes diferentes, entre falsificação de documentos, esquemas em cartório e fraude em licitações.

De acordo com o empresário, as duas cidades têm consciência de todas as irregularidades, mas há ainda muitas histórias que não foram divulgadas. “Recentemente, o Paulo Andreoli negou as acusações em um programa de rádio e afirmou que era uma pessoa boa, que fazia caridade e atendia cinqüenta pessoas gratuitamente no hospital da cidade. Mas ele se esqueceu de dizer que faz isso porque foi condenado por erro médico (em 19 de setembro de 2002) e tem que cumprir a pena com serviços comunitários por 22 meses.”

Após mudar para Campina da Lagoa, Job inaugurou seu jornal, Sentinela Regional, no dia 17 de setembro de 2002. Procurado pelo prefeito, ele se negou a fazer qualquer tipo de acordo político. “Dez dias depois, foi feita uma denúncia contra mim no Conselho Tutelar dos Direitos da Criança e do Adolescente, para me intimidar”, conta. Ele foi acusado de aliciamento de menores. “Foi uma acusação forjada, a denúncia é falsa e absurda. A mãe de uma das meninas (Marinilda Maricato Ferreira) trabalha no posto de gasolina do prefeito, e nos depoimentos as meninas caíram em contradição”, lembra.

Job continuou denunciando a família Andreoli, e teve que deixar a cidade porque recebeu ameaças de morte. “Não há nada que eles falem que vá fazer com que todos estes documentos tenham um menor valor. Tenho quatro ações de indenização por danos morais contra eles.”

Licitação

Um dos casos denunciados refere-se ao processo licitatório para pavimentar e fazer a limpeza da cidade. “As empresas que participaram são montadas pelo prefeito. A V.M de Souza e Obugalski Ltda é uma empresa fantasma e a que venceu a licitação, a Fiori e Fiori Ltda, do pedreiro Miguel Fiori, na verdade pertence ao prefeito. Ele pagou tudo para montar esta fábrica, que nunca pagou imposto. Mais de R$ 1 milhão e 600 mil passou pela empresa”, diz. No dia 18 de junho deste ano, Ênio Job protocolou uma denúncia no Tribunal de Contas do Paraná (protocolo 310961/03) sobre a fábrica de bloquetes de concreto. “O contador da Prefeitura, Alexandro Sebastião dos Santos, é o presidente da Comissão de Licitação e contador das duas empresas que participaram da licitação. Além disso, ele sempre assina, junto com o tesoureiro Henrique do Amaral, como testemunha do prefeito”, afirma.

Segundo Job, em Roncador, cidade vizinha, as irregularidades verificadas também são muitas. “Na época da eleição, o Odilon fez uma doação irregular de um terreno público para 126 famílias. Ele prometeu que ira regularizar a situação, mas até hoje não tem rua, e mesmo assim a Prefeitura cobra IPTU.”

Defesa

O advogado e engenheiro Francisco Andreoli, irmão dos prefeitos, defendeu-se ontem das acusações feitas contra eles. “Estou sendo acusado de ser o advogado da quadrilha e de que assinava pela empresa. Mas todos os cheques foram assinados pelo Miguel Fiori. O pedreiro foi comprado para acusar o prefeito. Se fosse maracutaia, porque eu iria colocar meu nome nas placas das obras?”, questionou.

Ele disse que, desde que foram feitas as denúncias, está sendo prejudicado profissionalmente. “Tenho contratos advocatícios com inúmeras cidades do Paraná. Por que iria colocar meu nome em risco? Antes do Paulo ser prefeito eu já prestava serviços para Campina da Lagoa, onde tive um escritório de advocacia. Não tenho escritório de engenharia, mas tenho Crea, então posso assinar as obras”, afirmou. “Pode vir auditoria. Não temos medo de nada.”

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