PPS adota independência nas eleições em Curitiba

Nem Beto Richa (PSDB), nem Angelo Vanhoni (PT). Como já vinha sendo sinalizado por integrantes da direção regional, o PPS decidiu pela independência no segundo turno das eleições de Curitiba.

A postura foi adotada por unanimidade, em reunião realizada quarta-feira à noite, no auditório do Senac. Ontem de manhã, a executiva municipal voltou a se reunir com sua bancada de vereadores, quando ficou definitivamente acertado que todos os dirigentes, lideranças e detentores de mandato seguirão a diretriz de independência em Curitiba.

Quem ignorar a decisão poderá ser punido com processo disciplinar. Não é o caso do deputado estadual Waldir Leite, que chegou a gravar mensagem de apoio a Beto Richa, levada ao ar ontem, no horário eleitoral gratuito. O deputado fez a gravação antes de o diretório decidir ficar fora do processo.

O candidato do partido no primeiro turno, Rubens Bueno, também anunciou que a coordenação jurídica do PPS requisitou a fita gravada de inserção que a coligação Tá na Hora Curitiba (do candidato Angelo Vanhoni-PT) veiculou ontem em seu programa de rádio, lembrando a aliança nacional PT-PPS e as afinidades entre as duas agremiações e afirmando que o eleitor que votar em Vanhoni no 2.º turno estará votando em Bueno.

Classificando a afirmação como “propaganda enganosa”, o presidente do PPS afirmou que o partido deve ajuizar representação à Justiça eleitoral para definir qual a medida cabível no caso, se a suspensão do programa ou o direito de resposta.

Cobiçado

Beto Richa e Angelo Vanhoni estavam interessados no apoio de Bueno, que fez 20,06% dos votos no primeiro turno. No fim de semana, Bueno conversou com o ex-deputado federal Euclides Scalco, um dos coordenadores da campanha de Richa, e depois viajou a Brasília para um encontro com o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, que apoia Vanhoni. Nenhum dos dois conseguiu cooptá-lo. “Nossa decisão é coerente com a mensagem que passamos ao eleitor na campanha”, disse Rubens. “Não vamos apoiar nem “a” nem “b”. Caberá ao eleitor decidir de acordo com sua consciência. Até porque o eleitor tem discernimento e capacidade para definir seu voto. Nossa posição não é de neutralidade, como alguns podem querer simplificar. Adotamos uma postura que traduz nossa insatisfação com aquilo que os candidatos representam. É preciso ressaltar que, pessoalmente, nada temos contra nenhum deles. O que expressamos é nossa discordância absoluta com as alianças firmadas em torno deles e com os programas de governo rigorosamente inexeqüíveis que expuseram na campanha”, explicou Rubens.

Na reunião de ontem, 32 filiados se manifestaram. Entre eles, 24 defenderam a independência, três propuseram apoio a Beto Richa e dois se declararam em favor de Vanhoni. Ao final, Isfer colocou em votação proposta aclamada pelo plenário, de não apoiar nenhum candidato no segundo turno, moção aclamada pelo plenário.

Nota divulgada pelo partido, diz que Rubens foi “violentamente prejudicado pela incompetência e a má-fé das pesquisas, manipuladas pela promíscua relação entre o Ibope e o poder público”, mas seguiu em frente, recebendo 20,06% dos votos válidos e a coligação do Voto Limpo elegeu quatro vereadores”. “O PPS está consolidado no mapa político paranaense, com uma presença forte em Curitiba e Região Metropolitana. Sai das urnas com 34 prefeitos, 31 vice-prefeitos e 280 vereadores eleitos no Estado. Isso representa um crescimento de 126% no número de prefeitos eleitos em relação às eleições de 2000, ou 13% dos votos.”

Petista diz que respeita decisão

O deputado estadual Angelo Vanhoni (PT) disse ontem que respeita a decisão do presidente estadual do PPS, Rubens Bueno, que não irá apoiar a sua candidatura neste segundo turno das eleições em Curitiba. Vanhoni disse que não considera irregular sua estratégia de conquistar os eleitores de Bueno veiculando uma propaganda exaltando seu passado comum com o ex-candidato a prefeito do PPS.

O candidato da coligação Tá na Hora Curitiba disse que se Bueno ficou ofendido não terá nenhuma dificuldade em corrigir “eventuais excessos que tenham sido cometidos”. Para o candidato petista, não há necessidade de o PPS solicitar direito de resposta junto à Justiça Eleitoral. “Eu e o Rubens somos amigos. Temos uma boa convivência. Não há nada que não possamos resolver com uma conversa”, comentou.

Para Vanhoni, o comercial não induz o eleitor a acreditar que Bueno está apoiando sua candidatura. Segundo o candidato, ele está apenas mostrando que os dois estiveram juntos em vários momentos políticos importantes, como a campanha contra a privatização da Copel. “Participei de muitas lutas que me aproximam do Rubens Bueno. Em 2000, o meu vice (José Maurino) foi do PPS. São coisas que temos em comum. Estou apenas dizendo isso aos eleitores”, reagiu. (Elizabete Castro)

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