PMDB se distancia de Lula, mas mantém linha

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Requião, com Lula: "Jamais
vamos voltar ao passado".

Distanciamento crítico do governo Lula, sim. Mas aproximação do PFL e PSDB, jamais. Este é o tom que o governador Roberto Requião pretende dar ao encontro do diretório estadual do PMDB que será realizado amanhã (dia 6), em Curitiba, para formalizar a posição favorável à saída do partido do governo.

Todos os integrantes do diretório foram convocados a comparecer no encontro que será realizado no Hotel Rayon, mesmo local onde, na quarta-feira passada, a executiva estadual do partido já adiantou ao presidente nacional, Michel Temer, o apoio à tese do distanciamento do governo federal.

"Autonomia, independência e liberdade para votar aquilo que seja do interesse do país. Mas jamais voltar ao passado. Jamais aliar-se ao PFL e ao PSDB. Isto significaria um retrocesso", destacou o governador. Para Requião, uma coisa é o PMDB decretar apoio crítico ao governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva. Outra é o PMDB se juntar ao PFL e ao PSDB na oposição. "Foi esse tipo de aliança que levou o país à realidade de hoje. Esssa aliança significaria o apoio a políticas antipopulares e antinacionais", assinalou Requião.

O encontro desta segunda-feira vai referendar a posição que será levada a Brasília, na convenção extraordinária do diretório nacional do PMDB. No Paraná, apenas uma voz discordante se manifestou até agora: o deputado Nereu Moura. Ele foi o único a expressar sua contrariedade ao afastamento do governo. Argumentou que longe do PT, só resta ao PMDB se aliar ao PFL e ao PSDB. "O tempo é o senhor da razão. Vejo que a posição de desligamento não é boa para nós em nenhum aspecto. Nem do ponto de vista eleitoral. Aqui no Paraná, hoje, há uma grande possibilidade de apoio do PT apoiar a reeleição do Requião. É impossível ter o PSDB apoiando o Requião", comparou Moura, acrescentando, entretanto, que se submeterá à decisão da maioria da convenção.

Prioridade

Já o presidente do diretório estadual do PMDB no Paraná, deputado Dobrandino Gustavo da Silva, acha que os peemedebistas favoráveis à aliança com o PT deveriam ter as questões partidárias como prioridade ao definir posição. "É hora de pensarmos no fortalecimento do partido para realizarmos os grandes projetos que temos para o Brasil, inclusive o da candidatura própria para a eleição presidencial em 2006."

Moura retrucou. Disse que não tem nenhum interesse pessoal em jogo e que está preocupado mesmo é com o futuro do PMDB. "Em várias cidades do país, o PMDB fez acordos eleitorais com o PSDB. SE nacionalmente tirarmos uma posição de afastamento do PT, o que vai acontecer será a ampliação destes acordos", comentou.

Para Moura, a defesa do afastamento do governo Lula só tomou corpo depois das eleições. No Paraná e em outros estados. "A tese do rompimento veio depois do resultado das urnas. Começando por São Paulo, onde o PMDB não foi aceito na aliança com o PT, aliou-se à Erundina e não apareceu nem na foto da campanha. Em Foz do Iguaçu, o PMDB foi derrotado pelo PT. O Dobrandino não defendia o rompimento até as eleições", atacou.

Partido recomenda afastamento

São Paulo – O presidente do Diretório Estadual do PMDB em São Paulo, Orestes Quércia, tem reunião marcada para amanhã com os presidentes dos diretórios municipais, lideranças e delegados do partido no Estado, com o objetivo de definir posição única para a Convenção Nacional de 12 de dezembro.

A tendência é que o PMDB paulista vote contra a participação de membros do partido no governo, disse fonte próxima da direção. Entre os temas as serem discutidos estão a posição de independência em relação ao governo federal, a saída dos membros do partido da equipe do presidente Lula e a mudança da sigla de PMDB para MDB. A reunião será na sede do diretório local.

PPS/PR também se define

O diretório estadual do PPS também se reunirá amanhã para discutir a relação do partido com o governo Lula e o processo de aproximação ao PDT. Uma posição sobre as duas questões será levada ao encontro do diretório nacional do PPS, convocado para 11 de dezembro, no Rio e Janeiro. No plano nacional, o PPS já decidiu que vai manter posição de independência em relação ao governo Luiz Inácio Lula da Silva.

Reunida nesta semana, a executiva estadual debateu os assuntos preliminarmente. A direção do PPS defende o afastamento do governo Lula, com a entrega dos cargos na administração para que o partido assuma uma postura de independência. Com relação ao PDT, a executiva acredita que os dois partidos devem perseverar no diálogo recentemente iniciado visando a constituição de uma aliança nas eleições de 2006.

Temas

Os temas serão submetidos ao diretório, que vai deliberar a respeito. Ainda na reunião de segunda-feira, o partido vai examinar parecer do Conselho de Ética sobre processo disciplinar relativo às eleições de Curitiba.

O partido vai discutir a possibilidade de expulsar militantes que desrespeitaram a posição da legenda em relação ao segundo turno da disputam, quando o PPS decidiu manter neutralidade na briga entre o vice-prefeito Beto Richa (PSDB) e o deputado estadual Angelo Vanhoni (PT).

Reunião

Às 14h de segunda-feira, na sede do diretório estadual, haverá reunião dos coordenadores regionais do PPS para balanço e avaliação das eleições de outubro. Os coordenadores também discutirão as questões relacionadas com o governo Lula e o PDT, além de uma reestruturação das coordenadorias.

A relação entre o PPS e o governo federal e o diálogo com o PDT têm sido examinados pelos diretórios municipais do partido. Foi o que ocorreu neste final de semana, durante encontro microrregional coordenado pelo vereador Edmar Arruda, com a presença do presidente regional do PPS, Rubens Bueno. Sábado retrasado, houve reunião microrregional em Foz do Iguaçu, onde o partido defendeu o afastamento do governo e o prosseguimento da aproximação ao PDT.

Amauri assume em Rio Branco

O candidato do PPS Amauri Johnsson é o prefeito eleito de Rio Branco do Sul, conforme decisão da juíza eleitoral Luciana Varela Carrasco, adotada nesta sexta-feira à noite. Ela cassou a candidatura de Pedro Cristiano (PP), acusado de compra de votos, transporte ilegal de eleitores e uso de estrutura oficial do município.

Luciana Carrasco julgou processo movido por Johnsson e pelo Ministério Público, que levaram provas documentais e testemunhais da compra de votos e outras irregularidades. Logo que a decisão foi anunciada, uma multidão de cerca de cinco mil pessoas se reuniu no bosque da cidade para comemorar. A festa continuou ontem de manhã com uma carreata pelas ruas centrais de Rio Branco do Sul ao final da tarde.

"Sempre acreditei na Justiça, não tinha dúvidas de que, ao logo do processo, seriam comprovadas as inúmeras denúncias que o próprio povo fez no dia da eleição", afirmou Amauri Johnsson, a propósito da decisão da juíza Luciana Varela Carrasco. "Agora, vamos formar nossa equipe de trabalho, assumir a prefeitura e tratar de cumprir os compromissos que assumimos diante do povo da nossa cidade, começando pelo saneamento financeiro e administrativo do município", acrescentou o prefeito eleito, que tem como vice Emerson Stresser. Johnsson elegeu-se em chapa pura do PPS. Ele é o 35.º prefeito eleito pelo PPS paranaense.

Temer e Garotinho se unem contra Lula em 2006

Rio de Janeiro – O PMDB quer entregar os cargos no governo, ir para a oposição agora e lançar candidato à Presidência da República em 2006, reafimou onterm o presidente do partido, Michel Temer. "Ter cargo no governo significa impedir que tenhamos candidatura própria em 2006", afirmou Temer no programa de rádio "Encontro Marcado com Garotinho", do ex-governador do Rio Anthony Garotinho, da Rádio Carioca, retransmitido para diversos estados do Brasil.

Temer pediu no ar, que todos os delegados compareçam à convenção do PMDB no dia 12, em Brasília, que vai decidir se o partido toma esse rumo ou permanece apoiando o governo Lula. Mas já considera a saída do governo inevitável.

De acordo com Temer, a decisão receberá o apoio todos os 55 convencionais do Estado de São Paulo e dos delegados de "Santa Catarina, Paraná, Pernambuco, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e dezenas de Estados brasileiros".

Garotinho disse que todos os votos dos convencionais do Rio, que também são 55, vão ser pela independência em relação ao governo federal e por candidatura própria nas próximas eleições. Ele é presidente do PMDB fluminense. Garotinho e seus colaboradores no programa criticaram o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que defende a permanência do partido no governo.

Paraná

No Paraná, a posição do governador Roiberto Requião é de acabar com o que ele classifica de "apoio mecânico" do seu partido ao governo federal. Na quarta-feira, em Curitiba, ao lado de Temer, Requião reafirmou sua posição em defesa da independência do PMDB em relação ao governo "Para o bem do partido e do Brasil, devemos romper com a prática do atrelamento mecânico, abrir mão de cargos e parar de votar como se tivéssemos contrato de trabalho", disse o governador, enfatizando que essa postura não significa rompimento com o governo do presidente Lula. "A saída do governo não significa que devamos apenas criticá-lo ou regredir ao passado e estabelecer alianças com o PFL e PSDB. Estamos saindo para construir algo novo e avançado."

Requião defendeu a saída do PMDB dos cargos atualmente ocupados na administração federal e a tese da candidatura própria nas eleições de 2006. "É preciso acabar com a prática pobre e medíocre de o partido ser obrigado a votar a favor das propostas do governo para manter seus cargos, e não pela consciência de cada um sobre o que é melhor para o País", acrescentou. "E que fique claro que minhas observações nada tem a ver com as críticas que, de forma oportunista e inconseqüente, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso vem fazendo. É uma desfaçatez. Eu rejeito exatamente aquilo que o PT tem de ?fernandohenriquismo?".

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