39 mortes

Paraná descarta medidas drásticas para conter gripe

Em uma exposição de mais de duas horas ontem à tarde no plenário da Assembleia Legislativa, o secretário estadual de Saúde, Gilberto Martin, disse que, neste momento, não há necessidade de adoção de medidas drásticas, como decretar calamidade pública ou fechar o comércio, para conter a epidemia da gripe A.

Mas também deixou claro aos deputados que a população terá que ser e estar preparada para “conviver” com o novo vírus até a chegada da vacina, prevista apenas para o inverno do próximo ano.

A expectativa dos especialistas é que apenas em setembro o vírus entre em curva descendente de propagação no país, em decorrência do aumento da temperatura. Até lá, e mesmo durante a primavera e verão, a população terá que seguir as orientações dos médicos para se prevenir, afirmou o secretário estadual de Saúde. “O vírus não irá desaparecer. Então, vamos ter que conviver até a vacina”, afirmou.

A suspensão das aulas ajuda a conter a disseminação da doença já que estudantes têm um convívio contínuo e prolongado nas escolas. Nos demais setores, o resultado não seria eficaz, comparou o secretário de Saúde.

Ele explicou que nos ambientes públicos, como o comércio, onde o convívio é curto e esporádico, o efeito seria menor se essas áreas fossem interditadas. Entretanto, não descartou totalmente a possibilidade de uma intervenção nestes locais. “Não significa que não possa ser feito daqui uma semana, dez dias. Neste momento, não se justifica”, afirmou.

Realidade

Em resposta às dúvidas levantadas pelo deputados sobre os números divulgados pelas autoridades sanitárias estaduais sobre a doença, Martin garantiu que os dados apresentados à população são reais.

“Não há interesse ou necessidade de se esconder dados”, afirmou. Ele informou que afirmou que até ontem, havia 784 casos confirmados, 2.884 em monitoramento e 39 mortes causados pela gripe A.

Sobre o acesso ao medicamento Tamiflu, nome comercial do antiviral destinado ao tratamento da gripe A, Martin disse que o tratamento será fornecido a todos que precisarem e que tiverem indicação médica.

Ele negou a falta dos remédios e atribuiu às dificuldades que alguns pacientes estão tendo para obter o Tamiflu a problemas no “fluxo de acessos dos medicamentos”. O remédio é distribuído apenas pelo Ministério da Saúde às Secretarias Estaduais de Saúde, que repassam o produto às regionais de saúde nos municípios.

Martin disse que não veria problemas na comercialização do medicamento nas farmácias. Mas lembrou que o Ministério da Saúde teme que a oferta do remédio possa gerar um uso indiscriminado gerando resistência da doença ao medicamento.

Gripe causa mortes em 10 estados

Luciana Cristo, com agências

As primeiras mortes provocadas pela influenza A (H1N1), a gripe suína, chegaram a Minas Gerais e ao Distrito Federal. Agora, já são dez os estados brasileiros que registraram mortes desde o início da pandemia.

No Paraná, o número de vítimas fatais subiu para 39 – a maioria das vítimas (27) eram adultos jovens de 20 a 40 anos. Em todo o País, o número de mortos chegou a 198 ontem.

Os outros óbitos no Paraná referem-se a nove adultos (de 41 a 65 anos) e três crianças ou adolescentes (até 19 anos). Os casos confirmados pela doença no Estado somam 950, com 166 novos casos confirmados ontem.

As novas mortes ocorreram nas regiões de Curitiba (5), Jacarezinho (1), Maringá (1) e Campo Mourão (1), no período de 25 de julho e 5 de agosto. Desses, são cinco adultos jovens e três adultos.

Em Minas G,erais foram confirmadas as três primeiras mortes provocadas pelo H1N1. São duas mulheres e um homem, nas cidades de Betim, Ipatinga e Pouso Alegre.

A primeira morte também foi confirmada no Distrito Federal: um homem de 50 anos que estava internado há 20 dias em Taguatinga. No Rio Grande do Sul, o número de mortos subiu de 44 para 49. No fim de semana, a Paraíba confirmou a segunda morte pela nova gripe, de um professor de inglês de 35 anos, em Cabedelo.

Depois da implantação do serviço de call center para monitorar os casos suspeitos da nova gripe em Curitiba, apenas 6% dos 1,5 mil pacientes acompanhados pelo serviço pioraram e tiveram que retornar ao médico, desde a sexta-feira passada, quando o recurso foi criado. Outros 78% melhoraram com isolamento domiciliar e 16% dos casos ficaram inalterados.

E-mails alarmistas

O governo do Paraná se manifestou ontem contra e-mails que causam alarmismo por causa a nova gripe, o que chamou de “terrorismo virtual”. Para o secretário estadual da Saúde, Gilberto Martin, as mensagens geram preocupações desnecessárias.

“Todo trabalho em repassar informações verdadeiras, com base em investigações criteriosas e avaliações técnicas, é prejudicado pela reprodução de e-mails sem fundamento”, critica.

O governo estadual destacou ainda que na região de Foz do Iguaçu pessoas não infectadas pelo vírus têm comprado o medicamento Tamiflu indicado para o combate à doença na Argentina e no Paraguai, o que, além de caracterizar contrabando, pode prejudicar eventual tratamento contra a doença. No Brasil, o Ministério da Saúde proibiu a venda do Tamiflu para evitar seu uso indiscriminado, mas a venda é permitida no Paraguai e na Argentina.

Medida altera rotina dos bancos

Cintia Végas

A gripe suína alterou a rotina dos bancos de Curitiba. Desde ontem, apenas dez clientes de cada vez podem entrar em instituições financeiras para cada quatro caixas em atendimento.

No primeiro dia, a medida do Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR) gerou filas do lado de fora das agências. A decisão atende pedido do Ministério Público do Trabalho do Paraná (MPT-PR), para evitar aglomerações e conter o avanço do surto de contaminação pelo vírus A (H1N1).

A determinação do TRT-PR foi considerada bastante prudente pelo Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região Metropolitana. A diretora da entidade, Sônia Regina Sperandio Boz, não nega que a medida pode ocasionar filas fora das agências.

Porém, acredita que a aglomeração de pessoas na área externa é melhor do que dentro dos bancos, que geralmente não possuem grande circulação de ar. “Do lado de fora, o risco que as pessoas correm é bem menor.

As agências bancárias são lugares que foram projetados para proteger o patrimônio, ou seja, o dinheiro. Por isso, normalmente não possuem muitas janelas e nem sempre estão com os filtros de ar em correto estado de manutenção. A determinação judicial tem como objetivo justamente evitar as filas dentro das agências, protegendo clientes e funcionários”, afirma.