Para governo do Irã, Brasil é “aliado estratégico”

O governo do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad quer o Brasil como seu “principal aliado” nas Américas. A declaração é de Esfandiar Rahim Mashaie, chefe do gabinete presidencial, principal assessor de Ahmadinejad e ex-vice-presidente do Irã. Além de confirmar o interesse na relação bilateral, ele vê “semelhanças” entre os dois governos.

Ontem, Mashaie reuniu um pequeno grupo de jornalistas em Genebra, na Suíça, para dar a versão iraniana sobre seu programa nuclear, e falar sobre a ameaça norte-americana e os protestos eleitorais no país.

“O Irã e o Brasil ampliarão suas relações. O Brasil é um aliado estratégico e temos uma coisa em comum: ambos lutamos pela independência”, afirmou. “O ponto central da política externa do Brasil é não deixar que ela seja ditada pelos outros.”

Por pressão da ala mais conservadora do governo, Mashaie abandonou a vice-presidência em julho. Mesmo assim, conservou sua posição de conselheiro do presidente. A relação com Ahmadinejad é também familiar – sua filha é casada com um dos filhos do líder iraniano.

Segundo ele, a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Teerã, em três meses, está sendo “cuidadosamente trabalhada”. “Estamos montando um programa que possibilitará a aproximação entre os dois países.” De acordo com ele, os detalhes da visita serão fechados esta semana.

Ahmadinejad esteve no Brasil em 2009. A visita causou protestos de todos os lados. Há uma semana, a vencedora do Nobel da Paz, Shirin Ebadi, alertou, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, para a aproximação entre Lula e Ahmadinejad e pediu que Brasília repensasse a visita a Teerã.

De acordo com Mashaie, o Brasil será um dos instrumentos usados pelo Irã para normalizar suas relações pelo mundo. “O Brasil tornou-se um país de importância central e sabemos que temos muitas áreas em que podemos cooperar”, disse – agricultura, ciência e comércio estão entre os setores de cooperação.